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R$ 263 milhões para o Estado, R$ 10,8 bilhões para a pirataria: o preço da covardia regulatória

  • Foto do escritor: Fred Azevedo
    Fred Azevedo
  • 13 de jun.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 23 de jun.

Enquanto o governo eleva o imposto sobre casas legais, o mercado ilegal explode — e a matemática da omissão pública condena o próprio modelo criado pelo Ministério da Fazenda


R$ 263 milhões para o Estado, R$ 10,8 bilhões para a pirataria: o preço da covardia regulatória
R$ 263 milhões para o Estado, R$ 10,8 bilhões para a pirataria: o preço da covardia regulatória

O que a Receita Federal divulgou esta semana deveria servir de alerta — mas está sendo tratado como vitória. A Medida Provisória que eleva a alíquota das apostas de quota fixa de 12% para 18% renderá, segundo estimativas oficiais, R$ 263 milhões em 2025.



Ao mesmo tempo, o mercado pirata, composto por casas sem licença, sonegadoras, fantasmas ou disfarçadas sob CNPJs de fachada, retira do Estado mais de R$ 10 bilhões por ano em impostos e contribuições não recolhidas.


Ou seja: o governo escolheu espancar quem está na sala — e ignorar quem arromba a porta.


A ilusão da “nova arrecadação”: o que os números realmente mostram


O documento da Receita, disponível publicamente, detalha o impacto da MP: a elevação do GGR de 12% para 18% representará R$ 284,9 milhões extras em 2025, R$ 1,7 bilhão em 2026 e 2027.


A conta parece alta. Mas é importante entender:


  • Esse valor é o total previsto com a nova alíquota, não a diferença líquida sobre o que já seria arrecadado com 12%.

  • A maior parte dos R$ 3,6 bilhões projetados em três anos já constava do planejamento fiscal com alíquota menor.

  • A diferença efetiva é de R$ 263 milhões no primeiro ano — ou 2,4% do total sonegado anualmente pelas casas ilegais.


É, no fundo, uma troca: espreme-se quem cumpre a lei para arrecadar centavos — e ignora-se o buraco de bilhões que o Estado escolhe não tapar.


Pirataria: R$ 10,8 bilhões fora do radar — e crescendo


Segundo o estudo “Fora do Radar”, elaborado pela LCA Consultores com base em dados do Instituto Locomotiva, mais de 61% dos apostadores brasileiros usaram plataformas ilegais em 2025. Isso equivale a milhões de pessoas expostas a:


  • Ausência de suporte técnico;

  • Manipulação de odds;

  • Não pagamento de prêmios;

  • Falta de canais de denúncia;

  • Nenhuma ferramenta de jogo responsável.


Além disso, 78% dos entrevistados dizem não conseguir distinguir uma casa legal de uma ilegal, e 46% já depositaram dinheiro em sites que depois descobriram serem falsos ou piratas.


Enquanto isso, o Estado segue sem uma política concreta de combate à pirataria digital no setor.



A matemática da omissão: cada R$ 1 tributado nas legais, R$ 40 escapam das ilegais


Vamos aos fatos:


Dado

Valor

Receita adicional com aumento de alíquota legal em 2025

R$ 263 milhões.

Perda fiscal com apostas ilegais no mesmo período

R$ 10,8 bilhões.


Para cada real extra arrecadado com a medida, o Brasil perde mais de R$ 40 por não combater o mercado pirata.


O custo da omissão é monumental. Mas o governo preferiu o atalho político do aumento de imposto — mesmo sabendo que:


  • Essa decisão pode inviabilizar operadoras que pagaram R$ 30 milhões de outorga;

  • Aumenta o desequilíbrio entre legais e ilegais;

  • Envia um sinal claro de instabilidade para investidores internacionais.


A falácia do “impacto neutro no apostador”


O discurso oficial é de que a mudança “não afeta o apostador”. Mas esse argumento ignora o básico da economia de plataforma:


  • Menor margem = menos promoções, menos bônus, menor liquidez

  • Maior custo = mais dificuldade para suportar campanhas de conscientização

  • Ambiente de risco = retração de investimento e suporte institucional


No fim, quem perde é o próprio jogador — que verá a plataforma legal minguar enquanto a pirata prospera.



Um modelo novo, já sabotado pela própria União


A regulamentação das apostas foi construída a duras penas. A Lei 14.7490/2023 trouxe regras robustas.


A Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) foi criada para fiscalizar. A arrecadação com outorgas ultrapassou R$ 2,3 bilhões só em 2025.


Mas o que era para ser uma virada institucional virou instabilidade crônica.


O governo:


  • Mudou a alíquota por MP, sem diálogo;

  • Sinalizou possível aumento ainda maior (Alckmin falou em 27%);

  • Não lançou campanha de diferenciação entre casas legais e piratas;

  • Não apresentou plano de médio prazo para fortalecer o modelo nacional frente às licenças estaduais;

  • E agora colhe os frutos: empresas estudando suspender operação, afiliados migrando para sites fantasmas e desconfiança generalizada no sistema.


Conclusão: o Brasil não precisa de mais imposto. Precisa de coragem regulatória


O aumento de 6 pontos percentuais no GGR é uma escolha política — e uma escolha errada.


Mais do que arrecadar pouco, ele demonstra que o Estado brasileiro ainda não entendeu como enfrentar a nova economia digital. Em vez de investir na repressão ao clandestino, decidiu punir quem se formalizou.


A SPA deveria ser protagonista. Em vez disso, assiste calada.


A Receita deveria liderar o combate à evasão. Prefere projetar ganhos ilusórios sobre os mesmos de sempre.


O Congresso deveria proteger o pacto regulatório que ajudou a construir. Mas pode, em 60 dias, aprovar a MP sem sequer ouvir o setor.


Esse é o verdadeiro escândalo.


Nota editorial


Este artigo integra o compromisso do Portal Fred Azevedo com uma cobertura crítica, técnica e independente sobre o mercado de apostas no Brasil.


Não defendemos operadoras, mas defendemos regras claras, segurança jurídica e responsabilidade institucional.


Quando o próprio Estado rompe os pactos que ele mesmo propôs, o problema deixa de ser tributário — e passa a ser ético. Seguiremos acompanhando, cobrando e dando voz ao jogador comum, que é quem mais tem a perder com a instabilidade.


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© 2025 por Frederico de Azevedo Aranha

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