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ABRAS lança campanha desonesta e irresponsável contra apostas online: a verdade que o vídeo não mostra

  • Foto do escritor: Fred Azevedo
    Fred Azevedo
  • 16 de jun.
  • 7 min de leitura

Atualizado: 23 de jun.

Enquanto bancos vendem raspadinhas disfarçadas e o varejo promove sorteios próprios, a ABRAS pede mais imposto — e até a proibição — de um setor que já arrecadou R$ 2,3 bilhões em outorgas e paga até 38% em tributos.


A Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) decidiu iniciar uma cruzada contra o setor de apostas online. Mas o que poderia ser um debate legítimo se transformou em um ataque recheado de distorções, dados fora de contexto e propostas perigosas.


Em vídeo institucional divulgado durante evento em Brasília, a ABRAS pede aumento da carga tributária, sugere a proibição das apostas online e apresenta números alarmistas sem base técnica clara. O conteúdo foi publicado originalmente pelo site BNLData, que classificou a peça como apelativa e criminosa.


A retórica da campanha é simples: responsabilizar o setor de apostas por uma suposta perda de R$ 103 bilhões no varejo — sem mostrar qualquer metodologia para essa cifra — e defender que as "bets" pagam “apenas” 12% de imposto. A realidade, no entanto, é outra.



As apostas online já pagam mais de 33% em impostos — e ainda arcam com outorgas milionárias, certificações e empregos


Ao contrário do que sugere a campanha da ABRAS, as plataformas legalizadas de apostas no Brasil já enfrentam uma das estruturas tributárias mais pesadas do setor digital. A carga fiscal das chamadas “bets” legalizadas inclui:


  • PIS/COFINS: 9,25% sobre a receita bruta;

  • IRPJ: 15% sobre o lucro;

  • CSLL: 9% sobre o lucro;

  • ISS: de 2% a 5%, a depender do município.


Somando-se esses tributos federais e municipais, a carga efetiva pode chegar a 38% — quase o triplo do número distorcido divulgado pela ABRAS. E isso sem contar o valor de outorga: cada operadora paga R$ 30 milhões pela licença junto à Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA/MF), valor que já gerou mais de R$ 2,3 bilhões aos cofres públicos apenas em 2025.


Mas os custos para operar legalmente no Brasil vão além da tributação.

Todas as casas licenciadas estão sendo obrigadas a investir pesadamente na adequação às exigências técnicas e legais impostas pelo governo. Isso inclui:


  • Certificações internacionais de segurança e justiça, como GLI (Gaming Labs International);

  • Implementação de infraestrutura nacional de suporte ao consumidor, em português e com SLA compatível com as regras da SPA;

  • Ferramentas de controle de tempo, perdas, autoexclusão e jogo responsável, obrigatórias por lei;

  • Processos de auditoria, prevenção à lavagem de dinheiro (PLD/FT) e rastreabilidade dos dados dos jogadores.


E há um fator que segue convenientemente esquecido por campanhas como a da ABRAS: a geração de empregos. Com a regularização do setor, dezenas de empresas estão estabelecendo operações no Brasil, contratando diretamente profissionais de tecnologia, atendimento, marketing, compliance, jurídico e CRM. Estima-se que o ecossistema regulado das apostas online empregue hoje milhares de brasileiros, de forma direta ou indireta — especialmente em regiões com menor oferta de empregos qualificados no digital.


Enquanto bancos promovem raspadinhas disfarçadas de capitalização e o varejo tradicional terceiriza entregas via plataformas, o setor de apostas formalizadas está criando empregos, pagando tributos e adaptando-se às exigências de um novo marco regulatório.


Legal arrecada R$ 263 milhões. Ilegal movimenta R$ 10,8 bilhões — sem controle.


O problema central não é a alíquota. É a omissão. Enquanto a campanha da ABRAS aponta o dedo para quem opera legalmente, o mercado pirata continua crescendo sem nenhum controle.


Segundo estudo da LCA Consultores, mais de 61% dos apostadores usaram plataformas ilegais em 2025. Resultado? O Brasil deixa de arrecadar R$ 10,8 bilhões por ano — valores que escapam da tributação justamente por serem movimentados fora do sistema legal, muitas vezes por operadoras disfarçadas sob CNPJs de fachada ou sediadas no exterior.


Já a Receita Federal estima que o aumento de 12% para 18% no GGR das casas legalizadas renderá R$ 263 milhões em 2025. Isso significa que, para cada R$ 1 arrecadado nas legais, o governo deixa de captar mais de R$ 40 que escorrem para a pirataria.


E ainda assim, a proposta da ABRAS é agravar esse desequilíbrio — pressionando apenas quem está na legalidade.


Dois pesos, dois discursos: ABRAS ataca apostas, mas ignora raspadinhas de banco e juros de 300%


A campanha da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) acusa o setor de apostas de promover “prêmios fáceis” com apelo emocional e promessa de enriquecimento. Mas essa crítica não se estende a práticas corriqueiras em outros setores da economia — especialmente no sistema financeiro, onde o apelo ao ganho imediato é usado de forma ainda mais agressiva.


Basta abrir o aplicativo de qualquer banco tradicional para encontrar ofertas como: “Com apenas R$ 10, concorra a R$ 30 mil!” — acompanhadas de mascotes coloridos, animações chamativas e chamadas de urgência. Não se trata de uma aposta. Trata-se de título de capitalização, um produto financeiro com rentabilidade nula, regras de carência e resgate condicionado, vendido com estética de raspadinha digital.


É o mesmo apelo à sorte. O mesmo gatilho emocional. A mesma linguagem visual. Mas, por vir de um banco — e não de uma casa de apostas — recebe o selo de “educação financeira”.


E o que dizer dos juros de crédito rotativo, que ultrapassam 300% ao ano no cartão de crédito e consignado não regulado? Onde está a preocupação da ABRAS com a destruição financeira de milhares de famílias causada por esse modelo? Onde estão os vídeos apelativos sobre isso?


Essa cegueira seletiva revela o verdadeiro jogo em campo. Não se trata de proteger o consumidor. Trata-se de proteger o lobby de sempre, enquanto se ataca o novo.


Quando uma casa licenciada oferece um bônus com regras claras, aviso de jogo responsável e auditoria internacional, é tratada como ameaça à família. Quando uma instituição financeira oferece uma raspadinha disfarçada de investimento, é celebrada como inovação bancária.


Essa duplicidade não é coincidência. É conveniência.


A verdadeira ameaça é a covardia regulatória


A ABRAS não é uma entidade qualquer. Representa um setor fundamental da economia brasileira, com capilaridade nacional, influência política e acesso direto ao poder público. Justamente por isso, deveria agir com responsabilidade institucional — promovendo um debate técnico, equilibrado e ancorado em dados. Mas preferiu o atalho da retórica fácil: demonizar um setor regulado, apelar ao medo e propagar desinformação seletiva.


O que a campanha da ABRAS revela não é preocupação com a sociedade. É o uso da opinião pública como escudo para desviar o foco de uma discussão mais complexa: o Brasil está falhando em construir um modelo funcional para o mercado de apostas. E essa falha tem nome: covardia regulatória.


Enquanto o varejo investe em campanhas contra as bets, o Estado brasileiro:


  • Não combate com seriedade a pirataria digital, que já representa 61% do consumo de apostas no país segundo estudo da LCA Consultores;

  • Não diferencia, na comunicação institucional, o que é legal do que é ilegal — deixando o consumidor vulnerável, desinformado e à mercê de sites fantasmas;

  • Não lançou nenhuma campanha pública de educação, nem mesmo após a regulamentação da Lei nº 14.790/2023;

  • Permanece em silêncio diante da publicidade de sites piratas em redes sociais, lives e plataformas de vídeo, mesmo com recursos tecnológicos para coibir essas práticas;


E, como se não bastasse, sinaliza novos aumentos de alíquota, como 27% defendidos por Geraldo Alckmin — num setor que já paga até 38% de carga tributária total e investiu pesado para se adequar às normas exigidas pelo próprio governo.


É uma equação perversa: quem cumpre a lei é punido com mais imposto, mais insegurança jurídica e mais ataques públicos. Quem opera à margem segue crescendo, sonegando e patrocinando livremente campeonatos, influenciadores e plataformas digitais.


O resultado não é difícil de prever. Empresas sérias repensam sua operação no país. Afiliados migram para mercados cinzentos. Jogadores desconfiam do sistema. E o Estado perde capacidade de arrecadação, controle e credibilidade.


Quem perde não é o “mercado de apostas”. Quem perde é o modelo regulado. É o consumidor que busca segurança. É o país que tenta sair da informalidade.


Essa é a verdadeira ameaça. E ela não vem das bets. Vem da omissão institucional e da covardia política diante de um tema que exige coragem, não palanque.


O problema não são as apostas. É o discurso fácil.


O Brasil não precisa de vídeos emocionais com dados mal explicados. Precisa de coragem regulatória. Precisa de política pública séria, construída com base em evidências, e de instituições que atuem com transparência, promovam estabilidade e incentivem a concorrência leal — e não de campanhas panfletárias que projetam culpas enquanto ignoram as próprias distorções.


O que a ABRAS fez não foi um alerta. Foi um movimento de oportunismo institucional. Atacou um setor formalizado, fiscalizado e tributado, enquanto silencia sobre as práticas questionáveis promovidas por bancos, financeiras e, sim, pelo próprio varejo que representa.


Ao desinformar o público, espalhar pânico moral e propor medidas extremas como a proibição total das apostas online, a associação não protege ninguém. Pelo contrário: fragiliza o modelo regulado e empurra milhões de brasileiros diretamente para o mercado ilegal, onde não há suporte, regras nem garantias.


O discurso fácil é sempre sedutor. Mas, quando aceito sem crítica, custa caro para quem mais precisa de proteção: o jogador comum, o consumidor honesto, o investidor responsável.


A verdade é simples: o setor de apostas legal não é o inimigo. O inimigo é o discurso raso, seletivo e mal-intencionado que sabota o próprio avanço institucional do país.


Nota editorial


Este artigo integra o compromisso do Portal Fred Azevedo com uma cobertura crítica, técnica e independente sobre o mercado de apostas no Brasil. Não defendemos operadoras, mas defendemos regras claras, segurança jurídica e responsabilidade institucional. Quando o próprio Estado rompe os pactos que ele mesmo construiu, o problema deixa de ser tributário — e passa a ser ético.


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© 2025 por Frederico de Azevedo Aranha

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