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Enquanto o mercado legal se regula, as apostas ilegais continuam lucrando com publicidade nos apps

  • Foto do escritor: Fred Azevedo
    Fred Azevedo
  • 2 de ago.
  • 4 min de leitura

Atualizado: há 13 horas


Quase oito meses após o início da regulamentação oficial das apostas de quota fixa no Brasil, o que deveria ser um novo capítulo de segurança e responsabilidade segue sendo sabotado por uma realidade incômoda: as apostas ilegais continuam operando livremente em redes sociais e mensageiros, com alto alcance e pouca fiscalização. E pior: com lucros ainda garantidos às plataformas de anúncio.


Reportagem especial da Lupa do UOL Notícias revelou mais de 383 mil mensagens fraudulentas sobre apostas circulando em grupos de WhatsApp e Telegram entre abril e julho de 2025. O conteúdo, que atinge cerca de 42 milhões de brasileiros, inclui desde promessas de "Pix fácil" até jogos travestidos de slots em estilo "Jogo do Tigrinho", operando sem qualquer autorização da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA/MF).


Enquanto isso, mais de 3 mil peças de publicidade impulsionadas sobre essas plataformas ilegais continuam ativas nas redes sociais, segundo a mesma investigação.


Apesar das diretrizes que vedam esse tipo de conteúdo, os filtros falham e os criminosos aproveitam a brecha: novas contas, domínios descartáveis e estratégias de spam já conhecidas.


Celular exibindo anúncio de slot ilegal com botões de aposta e QR Codes, sobre mesa com bandeira do Brasil.
Imagem ilustrativa de publicidade de apostas ilegais veiculada por aplicativos e redes sociais no Brasil.

Quando o problema vira modelo de negócio


Parte do escândalo está na permanência dos anúncios. Outra, no modelo de monetização que, na prática, ainda remunera as big techs pelas visualizações e cliques — mesmo quando se trata de operações ilegais.


A Meta afirma que remove contas e restringe publicidade quando detecta violações. Mas os dados mostram uma reação lenta, muitas vezes posterior às denúncias. E até lá, o estrago já foi feito. Com algoritmos de segmentação precisos e promessas de lucro imediato, os golpistas encontram terreno fértil para recrutar apostadores desavisados, inclusive menores de idade.


Regulado x ilegal: o abismo só cresce


A estimativa é de que entre 41% e 51% do mercado de apostas online no Brasil ainda opera na informalidade. Segundo a LCA Consultores, três em cada quatro brasileiros que apostaram online em 2025 o fizeram em plataformas ilegais. Ou seja: mesmo com a regulamentação em vigor desde janeiro, a realidade é que o mercado legal ainda é minoria.


E há uma explicação concreta para isso: do lado legal, as operadoras precisam de autorização, sede no Brasil, garantias financeiras, certificação de software, políticas de jogo responsável, rastreabilidade dos pagamentos, conformidade com o SIGAP, entre outros deveres estabelecidos em portarias como a nº 615/2024 e nº 722/2024 da SPA/MF.


Do lado ilegal? Basta um link, um site fora do país e uma esteira de Pix. Sem reconhecimento facial, sem validação de maioridade, sem obrigação de pagar. Quando pagam, é sorte.



Falta de punição e a impunidade como incentivo


O relatório da CPI das Bets, rejeitado pelo Senado, apontava a ausência de mecanismos efetivos de repressão às operadoras ilegais. A prática de subir novos domínios após bloqueios da Anatel virou rotina — o que transforma o combate à ilegalidade num jogo de gato e rato.


A SPA/MF afirma que mais de 15 mil domínios ilegais já foram derrubados. Mas reconhece que o ciclo se repete, com recriação contínua de links.


Nessa equação, a falta de punição clara ao financiador da operação (o anunciante, o gateway de pagamento, a plataforma de veiculação) acaba funcionando como um incentivo. Ninguém teme a fiscalização — e por isso ela falha em sua função principal: desestimular o crime.


Golpe disfarçado de joguinho


A Lupa identificou diversas operações com promessas de R$ 300 a partir de um Pix de R$ 10. Os pagamentos iam para intermediadoras como Nexus Gaming e Voluti, que alegam apenas prestar serviço de infraestrutura de pagamento. O modelo se repete: um layout colorido, cadastro com telefone e pagamento mínimo. Nada de validação legal. Nada de garantias ao jogador.


No Reclame Aqui, as queixas se acumulam. Depósitos sem retorno, prêmios não pagos, silêncio total do suporte. O resultado? Endividamento crescente entre os jogadores — muitos dos quais já comprometeram gastos básicos com essas apostas. Segundo o DataSenado, 58% dos apostadores online estão endividados. E 34% dos jovens adiaram a faculdade por conta de gastos com bets.


Publicidade de apostas ilegais desafia fiscalização e regras da SPA


A Lei 14.790/2023 exige autorização federal para operar apostas de quota fixa no Brasil, incluindo obrigação de controle antifraude, identificação do jogador, rastreamento de pagamentos e regras de jogo responsável.


A SPA/MF informou que monitora redes sociais e plataformas digitais, e que envia à Anatel pedidos formais de bloqueio sempre que detecta atividade irregular. Também atua em cooperação com a PF, o Conselho Digital e a Secretaria Nacional do Consumidor para combater o mercado ilegal.


A Meta, por sua vez, declarou que possui filtros e restrições para publicidade de jogos de azar, que só pode ser veiculada por anunciantes licenciados e dentro da lei. Disse ainda que intensificou os esforços para detectar abusos e que toma medidas como remoção e suspensão de contas. No entanto, muitos dos anúncios ainda estavam ativos na biblioteca da plataforma até o fim de julho.


Reflexão final


O que está em curso não é apenas uma falha pontual. É um sistema paralelo que segue operando com baixíssimo risco, altos lucros e mínimo controle. Se o Brasil quer consolidar um mercado regulado, precisa tratar o mercado ilegal com o mesmo peso dado às casas licenciadas. Porque não adianta exigir compliance de um lado e ignorar o lucro ilícito do outro.


Afinal, não há jogo limpo quando o crime ainda patrocina os cliques.


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© 2025 por Frederico de Azevedo Aranha

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