VBET Brasil ignora crise trabalhista e silêncio da Atomos se prolonga
- Fred Azevedo

- 13 de jun.
- 4 min de leitura
Atualizado: 15 de set.
Dois meses após demissões em massa, ex-funcionários seguem sem direitos básicos, enquanto rumores sobre a falência da Atomos agravam o cenário.

O tempo passou, mas o silêncio permaneceu. Desde as demissões em massa ocorridas em 15 de abril, quando mais de 100 colaboradores da Atomos foram dispensados por e-mail sem justificativa formal, nenhuma das empresas envolvidas se manifestou publicamente ou apresentou qualquer solução concreta para os ex-trabalhadores.
Em nova denúncia publicada no LinkedIn por uma ex-gerente da operação, foi exposta a continuidade do descaso.
Segundo ela, nenhum valor referente a verbas rescisórias foi pago até hoje. Também não houve acordo, comunicação institucional ou responsabilização. Nem por parte da Atomos, que geria a operação, nem da própria VBET Brasil, que assumiu o projeto após a transição.
“A justificativa informal? Uma suposta venda da Atomos para a VBET. Desde então, só o silêncio”, afirma. Ela relata que a operadora não comparece às audiências trabalhistas, não responde e-mails de ex-colaboradores e ignora completamente os impactos humanos da transição. Enquanto isso, os responsáveis diretos pela antiga gestão seguem em seus cargos, “como se nada tivesse acontecido”.
Atomos perto da falência — e a VBET pode ter que arcar com tudo
Fontes próximas ao caso indicam que a Atomos estaria em vias de declarar falência — ou que o processo de insolvência já estaria sendo preparado nos bastidores. Até o momento, a reportagem não encontrou registros oficiais públicos do processo na Justiça.
Em casos assim, os trabalhadores se tornam credores no processo de falência, com baixa chance de recebimento rápido — ou sequer integral.
A grande questão agora é: quem responde pelas dívidas?
De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e o entendimento do Tribunal Superior do Trabalho (TST), a sucessão empresarial transfere a responsabilidade pelos contratos de trabalho à empresa sucessora.
Ou seja: se a VBET assumiu a operação da Atomos, direta ou indiretamente, ela também assume suas obrigações trabalhistas.
O artigo 10 da CLT é claro:
“Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados.”
Já o artigo 448 da CLT determina que:
“A mudança na propriedade ou na estrutura da empresa não extingue os contratos de trabalho.”
Com isso, mesmo que a VBET negue ter comprado juridicamente a Atomos, se assumiu seus contratos, operações ou ativos de forma continuada — como sites, plataformas, campanhas e equipes — pode ser responsabilizada solidariamente pelos débitos trabalhistas acumulados.
Violação ética, não só legal

O desabafo da ex-gerente vai além do não pagamento. Para ela, a crise não é apenas empresarial: “É um retrato cruel de um mercado que ainda precisa amadurecer. Não se trata apenas de compliance ou regulação — é sobre ética, respeito e responsabilidade com as pessoas que ajudaram a construir o negócio.”
Ela também revela que foi demitida durante o período de gestação, sem qualquer assistência ou documentação necessária. Casos semelhantes, como o de colaboradoras em licença-maternidade e pessoas em tratamento médico, foram relatados na primeira parte desta reportagem.
Repercussão e pressão por respostas

A publicação teve forte repercussão entre outros profissionais da indústria, reacendendo o debate sobre o papel da VBET Brasil na resolução do problema. Em resposta direta à ex-diretora, Fred Azevedo, responsável por iniciativas de proteção ao jogador e monitoramento do setor, declarou:
“Infelizmente, Atomos nunca mais deve dar as caras. A VBET vai ter que arcar com esse problema.”
A fala ecoa entre advogados e sindicatos. Se confirmado o encerramento das atividades da Atomos sem quitação das dívidas, a Justiça do Trabalho deverá buscar a responsabilização solidária da empresa sucessora — neste caso, a VBET Brasil — para garantir o pagamento dos direitos trabalhistas violados.
A conta chegou — e não vai desaparecer
Enquanto campanhas promocionais da VBET seguem ativas nas redes sociais, cresce a pressão para que a empresa se manifeste. Patrocinadores, clubes e influenciadores parceiros são agora questionados publicamente sobre sua associação com uma marca envolvida em denúncias dessa magnitude.
A omissão não apenas ameaça a reputação da empresa, como também alimenta novos processos coletivos e denúncias formais ao Ministério do Trabalho, que já monitora o caso.
A falência da Atomos pode até encerrar formalmente a antiga estrutura, mas não exime a VBET de responder judicialmente como sucessora empresarial.
Posicionamento segue pendente
A reportagem permanece aberta para atualização. Até o momento da publicação desta segunda parte, nem a Atomos nem a VBET Brasil haviam enviado qualquer esclarecimento oficial. O espaço segue disponível para manifestação de ambas as empresas.
Nota do Editor:
Esta matéria foi atualizada com base em novos depoimentos e publicações recentes de ex-funcionários da Atomos, após as demissões em massa ocorridas em abril de 2025. A reportagem inclui trechos de declarações públicas feitas no LinkedIn, cujos perfis permanecem ativos, além de análises jurídicas sobre a possível responsabilidade sucessória da VBET Brasil.


