Bug no jogo Mines Gold leva RicoBet a bloquear jogadores de forma indiscriminada
- Fred Azevedo
- 7 de jul.
- 5 min de leitura
Atualizado: 15 de set.
A RicoBet enfrentou um bug no jogo Mines Gold que permitiu saques de até R$ 10 mil por dia para qualquer jogador. O problema durou horas, da manhã até às 21h, e muita gente conseguiu sacar valores que normalmente não conseguiria.
A resposta da casa foi típica: bloqueou todas as contas que fizeram saques durante o período do bug, sem distinguir quem aproveitou maliciosamente de quem apenas sacou dinheiro que já tinha direito.
Resultado: a resposta da plataforma atingiu também usuários que não haviam se beneficiado intencionalmente da falha. Faltou critério — e sobrou prejuízo para quem apenas jogava dentro das regras.

O bug que virou pesadelo para jogadores honestos
Segundo relatos de usuários, o bug no Mines Gold permitia que qualquer jogador sacasse R$ 10 mil diários, independente do saldo real na conta. "Era só colocar o valor, colocava uma bomba, abria uma normal e você já ganhava o dobro do valor", explicou um dos afetados.
A falha durou várias horas e "muita gente fez" os saques inflados. Alguns jogadores chegaram a sacar os R$ 10 mil permitidos e "prendeu o saldo nos esportes" — ou seja, usaram o dinheiro para apostas esportivas.
Mas aqui que a história fica interessante: a RicoBet não distinguiu quem se aproveitou do bug de quem simplesmente sacou dinheiro legítimo durante o mesmo período.
A punição coletiva
Quando descobriu o problema, a RicoBet adotou a estratégia mais simples: bloquear todo mundo. Não importava se o jogador sacou R$ 100 de saldo próprio ou R$ 10 mil do bug — todos foram tratados como suspeitos.
A casa deu cashout em apostas esportivas feitas com dinheiro do bug e cancelou essas apostas. Medida compreensível para quem realmente se aproveitou da falha, mas que também atingiu jogadores legítimos.

A lógica da RicoBet é perversa: quando o erro beneficia o jogador, todos são punidos.
Quando o erro prejudica o jogador, como no caso anterior de saques negados indevidamente, aí "é problema técnico" e quem se lasca é o apostador.
Possíveis causas: falha técnica ou falta de controle?
Como um bug desses passa despercebido por tantas horas?
Algumas possibilidades:
Sistema mal programado que não validava adequadamente os valores dos saques em relação ao saldo real da conta.
Falta de monitoramento em tempo real dos saques processados. Um aumento súbito de saques de R$ 10 mil deveria disparar alertas imediatos.
Controles internos deficientes que permitiram que a falha se estendesse da manhã até a noite sem detecção.
Teste inadequado do jogo Mines Gold antes de colocá-lo em produção, não identificando essa vulnerabilidade.
O que diz a RicoBet
O portal Fred Azevedo entrou em contato com a RicoBet para solicitar um posicionamento oficial sobre o bug no jogo Mines Gold e os bloqueios aplicados a contas de jogadores que realizaram saques durante o período da falha. Até a publicação deste artigo, a empresa não respondeu aos questionamentos enviados.
Entretanto, os Termos e Condições da RicoBet (versão 1.0, de 31 de dezembro de 2024) preveem, em diversas cláusulas, mecanismos de bloqueio, suspensão e cancelamento de contas em situações de irregularidade técnica ou suspeita de violação de integridade. Especificamente, o item 10.2 estabelece que, em caso de erro técnico ou bug, a casa poderá anular apostas e “tomar qualquer outra ação para corrigir tais erros”. Além disso, o item 10.4 permite à operadora recuperar valores creditados indevidamente e ajustar contas unilateralmente.
A RicoBet também declara que poderá realizar procedimentos de apuração com prazo de até 30 dias, incluindo a notificação do apostador e direito à resposta (item 2.18). No entanto, não há menção expressa sobre como diferenciar casos de má-fé comprovada de saques legítimos feitos durante falhas operacionais.
Na ausência de uma política de transparência mais clara sobre esses procedimentos — especialmente em situações onde a falha é da própria plataforma — permanece o debate sobre a proporcionalidade e legalidade das punições aplicadas de forma generalizada.
Se a RicoBet enviar manifestação oficial, ela será publicada integralmente nesta página.
Quando o erro da casa vira problema do cliente
A situação levanta questões jurídicas importantes sobre responsabilidade por falhas técnicas:
Erro da operadora não pode gerar prejuízo ao consumidor. Se a casa erra, ela deve arcar com as consequências, não transferir o ônus para o jogador.
Boa-fé do consumidor deve ser presumida. Jogador que saca valor que a plataforma permite não pode ser automaticamente considerado fraudador.
Proporcionalidade da punição: Bloquear as contas indiscriminadamente configura prática abusiva no direito do consumidor.
Transparência nas medidas: Casa deve explicar claramente os critérios usados para determinar quem foi prejudicado legitimamente.

O padrão RicoBet: erro só vale quando favorece a casa
Este caso confirma um padrão comportamental da RicoBet que já observamos anteriormente:
Quando sistema erra contra o jogador: "É problema técnico", "estamos analisando", jogador precisa esperar e torcer.
Quando sistema erra a favor do jogador: Bloqueio imediato, punição coletiva, presunção automática de má-fé.
É socialização dos prejuízos (todos pagam quando casa erra) com privatização dos lucros (casa fica com tudo quando acerta).
O custo da incompetência técnica
Bugs como esse indicam, no mínimo, fragilidade técnica grave. Um sistema que autoriza saques sem checar o saldo real levanta sérias dúvidas sobre os controles da operadora.
Mas quem paga pela incompetência técnica da casa? Os jogadores, sempre. Quem fica com saldo bloqueado enquanto "análise técnica" acontece? Os apostadores.
Na prática, o resultado é esse: a casa continua lucrando com um sistema vulnerável — mas transfere o prejuízo da falha para o jogador.
Reflexão final: quando ser cliente vira crime
O caso do bug no Mines Gold resume perfeitamente a filosofia da RicoBet: jogador sempre suspeito, casa sempre vítima.
Sistema da casa permite saque indevido? Culpa é do jogador que "se aproveitou". Falha técnica da operadora? Problema é do consumidor que "agiu de má-fé".
É inversão total da responsabilidade: quem fornece o serviço defeituoso pune quem usa o serviço.
Para jogadores honestos que foram bloqueados injustamente, a lição é clara: na RicoBet, ser cliente pode virar crime a qualquer momento, dependendo de como os sistemas deles funcionam.
No final das contas, a RicoBet transformou falha técnica própria em justificativa para punir clientes. É como se posto de gasolina com bomba quebrada prendesse todos os carros que abasteceram no dia do defeito.
O apostador brasileiro merece operadoras que assumem responsabilidade pelos próprios erros, não que transformam incompetência técnica em perseguição aos clientes.
Nota editorial
O Portal Fred Azevedo reafirma seu compromisso com a apuração rigorosa, o respeito ao contraditório e a defesa do jogador honesto — aquele que aposta dentro das regras e confia que o sistema funcionará com transparência.
Acreditamos que falhas técnicas são inevitáveis em ambientes digitais complexos. Mas a forma como uma operadora reage a essas falhas diz muito sobre sua postura institucional.
Punir coletivamente, sem distinguir entre abuso intencional e uso legítimo da plataforma, é uma escolha — não uma obrigação contratual.
A RicoBet tem o direito de proteger sua operação. Mas o apostador também tem o direito de não ser tratado como culpado por um erro que não cometeu.
Seguimos disponíveis para publicar, na íntegra, qualquer posicionamento oficial da operadora. E esperamos que, mais do que justificativas, venha a reparação para quem foi prejudicado.