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RicoBet é alvo de denúncias por bloqueios após ganhos: jogadores contestam alegação de “fraude”

  • Foto do escritor: Fred Azevedo
    Fred Azevedo
  • 2 de jul.
  • 6 min de leitura

Atualizado: 15 de set.


Um apostador brasileiro procurou o Portal Fred Azevedo para relatar dificuldades enfrentadas após acumular um saldo de R$ 3.243 em sua conta na RicoBet. Segundo ele, até o momento em que as apostas eram deficitárias, a conta funcionava normalmente. As restrições teriam começado quando passou a obter resultados positivos.


De acordo com os registros apresentados, todas as tentativas de saque foram negadas, independentemente do valor solicitado. Pouco depois, a conta foi bloqueada para o que a plataforma classificou como “análise técnica”.


O apostador afirma que não recebeu explicações detalhadas sobre o motivo da suspensão e alega que a justificativa apresentada pela empresa estaria relacionada a supostos “padrões anômalos” nas apostas. A situação gerou dúvidas sobre os critérios adotados pela operadora em casos de retirada de valores superiores.


O sumiço "técnico" de R$ 3.243


O histórico de transações conta a história completa: uma sequência de saques, no mesmo dia. R$ 200, R$ 600, R$ 50, R$ 200, R$ 500, R$ 630, R$ 250, R$ 319, R$ 419 — todos negados.


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Print do histórico de saques negados

Segundo o histórico de transações apresentado, todas as tentativas de saque foram negadas — independentemente do valor solicitado. Os pedidos variavam entre pequenas e médias quantias, mas a resposta registrada era sempre a mesma: “NEGADO”.


Após as recusas, a conta foi suspensa com a justificativa de que passaria por uma “análise técnica”. Até o momento do envio do relato ao portal, o apostador afirma não ter recebido informações adicionais sobre os critérios ou prazos para conclusão dessa análise.


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Saldo e conta bloqueada na RicoBet

Uma vitória transformada em má-fé


Em outro caso semelhante relatado ao portal, a RicoBet respondeu por e-mail que teria identificado “meios fraudulentos através dos padrões das apostas realizadas no jogo Mines Gold”. A conta desse segundo jogador também havia sido bloqueada após uma sequência de ganhos.


A resposta da empresa, embora utilize termos técnicos, gerou questionamentos entre usuários sobre quais seriam os critérios objetivos adotados para definir padrões “suspeitos” de apostas. Nos dois relatos recebidos, os bloqueios ocorreram após movimentações consideradas positivas por parte dos jogadores — o que levanta dúvidas sobre como a plataforma interpreta comportamentos vencedores.


Pressões fiscais e lacunas de fiscalização: um ambiente propenso a distorções


O atual modelo tributário brasileiro para apostas de quota fixa impõe uma carga elevada sobre a receita bruta das operadoras, com alíquotas que ultrapassam os 40%.


Nesse cenário, pagamentos significativos a jogadores podem representar impacto direto sobre a viabilidade financeira da operação.


Em ambientes com pouca fiscalização ativa, não é incomum que plataformas criem procedimentos internos de controle para avaliar padrões de apostas considerados atípicos. Quando esses mecanismos carecem de transparência, podem resultar em bloqueios preventivos, retenções de saldo ou alegações técnicas que, para o jogador, se traduzem em obstáculos ao saque.


Vale destacar que a licença para operar no Brasil, embora obrigatória, não garante por si só o alinhamento da empresa com boas práticas de atendimento ou respeito pleno aos direitos do consumidor. A ausência de uma estrutura de fiscalização contínua — especialmente no que diz respeito ao cumprimento contratual e aos pagamentos — pode deixar apostadores desassistidos.


Na prática, o sistema cobra para autorizar, mas ainda não acompanha com rigor como as operadoras vêm exercendo essa autorização.



Quando o bloqueio entra em colisão com a lei


A Lei nº 14.790/2023, que regulamenta as apostas de quota fixa no Brasil, estabelece uma série de obrigações que vinculam diretamente as operadoras licenciadas, inclusive no tratamento dado ao apostador. O artigo 27 da norma é claro: todos os direitos previstos no Código de Defesa do Consumidor se aplicam ao apostador, com destaque para a informação adequada, o atendimento acessível e a proteção contra práticas abusivas.


Já o artigo 30 da mesma lei determina que o pagamento de prêmios deve ocorrer exclusivamente por meio de transferência para conta bancária de titularidade do jogador. A norma não prevê exceções para retenções unilaterais baseadas em análise interna ou sem contraditório. O §1º do artigo ainda permite que o valor permaneça em carteira virtual, mas apenas por escolha expressa do apostador — não por decisão da casa.


Quando há bloqueio de conta e negativa de saque sem apresentação clara de critérios ou prazos, há potencial conflito com os princípios do artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor, que garante ao consumidor o direito à informação clara, à proteção contra cláusulas abusivas e à reparação por danos patrimoniais.


Além disso, a própria Lei nº 14.790/2023, em seu artigo 33, exige que as operadoras utilizem sistemas auditáveis e mantenham acesso irrestrito e em tempo real à Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda (SPA), justamente para fins de fiscalização. A Portaria SPA/MF nº 827/2024, que regulamenta esse processo, reforça que a SPA pode solicitar registros detalhados, esclarecer práticas operacionais e aplicar sanções em caso de irregularidades.


Em outras palavras, bloqueios genéricos e não justificados — quando mantidos sem clareza técnica — podem entrar em desacordo com as obrigações legais que regem o setor. O jogador, por sua vez, tem o direito de exigir transparência, acesso ao seu saldo e meios de contestar decisões que impactem seu patrimônio.


Relatos recorrentes apontam bloqueios na RicoBet após sequência de ganhos


O caso relatado ao portal não parece isolado. Comentários publicados no perfil oficial da RicoBet no Instagram, inclusive em postagens recentes, mostram que outros usuários também relatam bloqueios de conta e dificuldades de saque após obter ganhos relevantes.


Em diversas dessas manifestações públicas — que permanecem visíveis quando não são removidas pela administração do perfil — é possível identificar uma sequência recorrente de eventos:


  • O jogador afirma ter conquistado uma quantia expressiva.

  • As solicitações de saque passam a ser negadas.

  • A conta é colocada em “análise técnica”.

  • Uma justificativa genérica é enviada, muitas vezes por e-mail.

  • O saldo permanece inacessível, sem indicação de prazo para resolução.


Embora não se possa afirmar que exista uma política formal da operadora nesses casos, o padrão descrito em múltiplos relatos sugere a existência de um procedimento interno — ainda não detalhado publicamente — que restringe ou suspende saques quando determinadas condições são atingidas.


Esse tipo de conduta, quando não acompanhado de transparência, pode gerar insegurança entre os apostadores e reforça a necessidade de canais institucionais para mediação e resolução de conflitos.


Quando a licença não basta


Os relatos envolvendo a RicoBet ajudam a ilustrar um ponto sensível no modelo regulatório brasileiro: a obtenção de licença não é garantia, por si só, de conduta ética ou transparente por parte das operadoras.


A legislação vigente permite que uma casa de apostas atue legalmente, arrecade depósitos de apostadores e ofereça serviços no mercado nacional. No entanto, na ausência de mecanismos eficazes de mediação e resposta ao consumidor, casos de bloqueios, retenções ou negativas de saque sem explicação convincente acabam minando a confiança no próprio sistema.


Para o jogador comum, isso se traduz em um alerta: não basta que a plataforma seja autorizada — é preciso que ela também seja comprometida com os direitos do apostador. Quando o saque depende da interpretação unilateral da casa, o equilíbrio da relação contratual se rompe.


A experiência de alguns usuários sugere que, em certos contextos, o dinheiro que entra na plataforma é prontamente aceito, enquanto o que sai encontra barreiras. O apostador que ganha passa a enfrentar suspeitas, análises e justificativas técnicas que nem sempre são claras ou auditáveis.


Nesse cenário, a aposta deixa de ser um contrato de risco com chances definidas e passa a operar sob condições assimétricas: a casa pode pagar — mas apenas se quiser. E isso, para o consumidor, representa mais do que insegurança. Representa desequilíbrio.


Nota editorial


O Portal Fred Azevedo não atribui à RicoBet conduta criminosa, nem sugere de forma categórica a existência de irregularidades. O objetivo desta reportagem é documentar relatos recebidos, apresentar os elementos compartilhados pelos jogadores e levantar questionamentos legítimos do ponto de vista do consumidor.


Como veículo especializado na cobertura crítica do setor de apostas e na defesa dos direitos do jogador honesto, entendemos que situações como as descritas merecem visibilidade pública — sobretudo quando envolvem operadoras devidamente licenciadas no Brasil.


Todos os fatos aqui apresentados têm origem em relatos documentados, acompanhados de registros e comunicações fornecidas pelos próprios usuários. As interpretações foram conduzidas com base na legislação vigente, nas normas do setor e nos parâmetros estabelecidos pelas próprias portarias da Secretaria de Prêmios e Apostas.


A RicoBet possui licença válida para operar no território nacional e tem pleno direito de se manifestar sobre qualquer questionamento aqui registrado. O portal mantém seus canais abertos para publicar eventual posicionamento da empresa ou esclarecimentos adicionais que julgue pertinentes.


Nosso compromisso é com a transparência, o equilíbrio e o interesse público. Cabe às autoridades reguladoras e ao sistema judiciário avaliar a legalidade de práticas comerciais e operacionais adotadas pelas operadoras. Ao jornalismo, cabe dar visibilidade ao que chega às sombras do balcão.




Atenção

Jogue com moderação e dentro de suas possibilidades. O jogo é uma forma de lazer, não uma solução financeira.

© 2025 por Frederico de Azevedo Aranha

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