Crise na Pagol.bet: desaparecimento de saldos e denúncias em massa expõem fragilidade da plataforma
- Fred Azevedo
- 26 de jun.
- 4 min de leitura

No dia 24 de junho de 2025, uma onda de relatos de usuários tomou conta das redes sociais, grupos de Telegram e da plataforma Reclame Aqui.
O motivo? Uma falha generalizada no sistema da casa de apostas Pagol.bet, que teria provocado o desaparecimento de saldos, erros em jogos ao vivo, cancelamentos arbitrários de apostas e, sobretudo, a ausência completa de suporte.
Os relatos não foram poucos — e nem isolados. Nossa equipe identificou dezenas de reclamações públicas registradas em um intervalo de menos de 24 horas, todas com padrões semelhantes: apostas feitas, sistemas que bugam, dinheiro desaparecido e, em comum, o silêncio da operadora.
Este artigo reúne as principais evidências, analisa o contexto regulatório e aponta os riscos sistêmicos quando empresas operam sem transparência — e usuários são tratados como descartáveis.
Parte I: “Meu saldo sumiu e ninguém responde”
Entre os inúmeros relatos coletados, destacamos alguns para ilustrar o padrão de ocorrências:

Um usuário afirma que depositou R$ 250, mas o valor sumiu após o jogo travar.
Ele afirma ter vídeo comprovando que não apostou, que o jogo travou e que o histórico de apostas da casa não reflete a realidade. Diz ainda que a própria plataforma mudou a narrativa posteriormente, alegando uma aposta que não aparece em seu histórico.
“Tenho comprovante de tudo, vídeo, prints, e eles dizem que apostei. Isso é inaceitável.”

Relato curto, direto e revoltado. O apostador foi atraído por um banner promocional que prometia giros grátis. Entrou, apostou — e o dinheiro desapareceu sem retorno.
“Me sumiram com o dinheiro na cara dura. Quero meu dinheiro de volta.”

Neste caso, o jogador apostou R$ 300 no jogo Goal. O jogo deu erro 404, e mesmo assim o sistema marcou a aposta como "em jogo", congelando o saldo sem retorno. O usuário afirma não ter sequer conseguido jogar.
“Aparece jogando, mas não tive chance de escolher nada. Jogo deu erro e meu dinheiro travou lá.”
Parte II: Uma falha sistêmica — ou má-fé operacional?
Os relatos convergem para um cenário técnico desastroso: falhas de comunicação entre o front-end (interface do jogo) e os sistemas de registro de aposta e saldo.
Em linguagem simples: os jogos travam, mas os sistemas de cobrança continuam operando como se tudo estivesse funcionando normalmente.
Em ambientes regulados, isso seria imediatamente reportado à autoridade competente, documentado, investigado e revertido com transparência. Mas no caso da Pagol.bet, os jogadores relatam absoluto silêncio — tanto no suporte quanto nos canais oficiais da empresa.
Quem é a Pagol?
A Pagol Jogos Eletrônicos Ltda opera sob CNPJ 56212040000151.
A empresa tem sede registrada no estado do Pará e se apresenta como plataforma de apostas e jogos online.
O Reclame Aqui concentra centenas de registros, com aumento abrupto no volume a partir de 24 de junho de 2025 — justamente a data indicada por múltiplos jogadores como o início dos problemas de saldo sumido.
Parte IV: O que diz a lei?
A Lei nº 14.790/2023, que rege as apostas de quota fixa no Brasil, garante ao jogador os direitos previstos no Código de Defesa do Consumidor.
Isso inclui o direito à informação, à prestação de contas, à transparência e à reparação de danos — ainda mais em casos de falha técnica comprovada.
Mais do que uma falha de sistema, o que se vê aqui é uma violação grave de confiança.
Uma empresa que não responde seus usuários, não publica um comunicado e desconsidera provas enviadas pelos próprios clientes age em desacordo com os pilares mínimos de boa-fé contratual.
Parte V: A repercussão entre os jogadores
Muitos dos jogadores afetados relatam frustração e sensação de impotência.
As reclamações refletem o que outros usuários têm reforçado: ninguém está sendo respondido, e o suporte não oferece canais adequados de resolução. Muitos cogitam acionar a Justiça ou registrar Boletim de Ocorrência.
Parte VI: Onde está o contraponto?
Até a publicação deste artigo, a Pagol.bet não havia se manifestado. Nossa equipe tentou contato via e-mail.
Caso haja retorno da empresa, seu posicionamento será incluído na íntegra.
Conclusão: mais um caso, ou sintoma de um mercado doente?
O episódio da Pagol.bet é sintomático de um problema maior: o crescimento desordenado de casas de apostas que operam sem infraestrutura, sem compromisso com o jogador e sem mecanismos mínimos de responsabilização.
Enquanto algumas operadoras investem em certificações, auditorias e práticas de integridade, outras funcionam com suporte terceirizado, scripts improvisados e marketing agressivo para captar o próximo depósito — mesmo que isso custe a reputação da marca (ou do setor como um todo).
Se o Brasil quer, de fato, consolidar um mercado de apostas regulado, competitivo e sustentável, é preciso cobrar mais que licença. É preciso exigir transparência, governança e respeito ao consumidor.
Nota editorial
Este artigo integra a cobertura contínua do portal Fred Azevedo sobre a integridade das plataformas de apostas e o respeito ao jogador brasileiro.
Recebemos os prints, analisamos os relatos e nos comprometemos a dar espaço para o contraditório. Se a Pagol.bet desejar apresentar sua versão, a publicação será imediatamente atualizada com sua resposta.