Eduardo Peres e Gabriel Martins falam sobre o fim da HanzBet e disputas contratuais
- Fred Azevedo
- 23 de jul.
- 11 min de leitura
Atualizado: 24 de jul.
Em entrevista exclusiva ao Portal FA, os fundadores da HanzBet — Eduardo Peres (CMO) e Gabriel Martins (CEO) — romperam o silêncio sobre a crise que levou ao encerramento abrupto da operação no Brasil. O relato traz, pela primeira vez, a versão integral do Grupo NT sobre os bastidores da parceria com a EA Entretenimento e Esportes Ltda., os conflitos em torno da marca, os impactos sobre afiliados e usuários, e as medidas judiciais em curso.
A entrevista aborda ainda os riscos de modelos baseados em licença compartilhada (slot), as tentativas frustradas de transição organizada, o possível redirecionamento indevido de usuários, e a expectativa da NT de reestruturar a marca sob nova gestão.
Para os fundadores, o episódio deixa um alerta claro: sem governança contratual e acesso real à operação, nenhuma parceria se sustenta.

Posicionamento da EA Entretenimento sobre o encerramento da HanzBet
Em nota oficial publicada em 21 de julho de 2025, a EA Entretenimento e Esportes Ltda. confirmou o encerramento da parceria com o Grupo NT e a descontinuidade da marca HanzBet. A empresa a
firmou que a decisão “decorreu de previsão contratual expressa”, alegando que o Grupo NT não cumpriu as condições pactuadas para manutenção da parceria ao longo do ano.
Segundo a EA, houve tentativas de acordo ao longo de semanas, mas sem êxito. A empresa declarou que está conduzindo o encerramento da marca com base em um plano já apresentado à Secretaria de Prêmios e Apostas, e garantiu que “todos os valores serão restituídos até a completa desativação da marca”. A nota reforça que a EA, na condição de agente operador autorizado, é a única responsável pelo processo de encerramento.
A companhia também classificou como “leviano” o comportamento do Grupo NT nas manifestações públicas recentes e reiterou seu compromisso com a legalidade, a ética e a boa-fé.
“A EA ENTRETENIMENTO está à disposição de todos os apostadores que tenham tido qualquer dificuldade em realizar o saque de seus valores, e assegura que todos os valores serão restituídos (...).”
“O encerramento da relação comercial decorreu de previsão contratual expressa (...), e todas as ações tomadas foram pautadas pela estrita observância da legislação vigente.”
“Lamentamos o comportamento leviano do Grupo NT e parte de seus acionistas (...).”
A íntegra da entrevista com os representantes da NT pode ser lida a seguir, dividida em sete blocos temáticos: contexto da parceria, encerramento financeiro, governança contratual, impacto sobre usuários, rede de afiliados, medidas jurídicas e visão de futuro.
CONTEXTO E DINÂMICA DA PARCERIA
Portal FA: Como se estruturava a parceria entre a HanzBet e a empresa detentora da licença utilizada pela operação?
A parceria foi formalizada por meio de um contrato de SCP (Sociedade em Conta de Participação), tendo a EA Entretenimento e Esportes LTDA. como sócia ostensiva — responsável pela licença — e a NT como sócia participante, detentora da marca HanzBet. Toda a operação foi estruturada em torno dessa alocação: a marca, desenvolvida e registrada pela NT, era operada com exclusividade pela EA no Brasil.
Portal FA: Quais eram os papéis e responsabilidades de cada parte envolvida nessa alocação?
A EA assumiu as obrigações legais, regulatórias e operacionais formais da operação, incluindo controle de plataformas, bancos e contratos. Já a NT foi responsável por estruturar, operar e escalar a marca: investimos em marketing, atendimento, tecnologia, aquisição e retenção de clientes, além de sustentarmos a operação com recursos próprios por longos períodos.
Portal FA: Em que momento começaram os primeiros sinais de conflito ou desalinhamento entre os sócios?
Os primeiros sinais surgiram ainda em janeiro, com recusa da EA em compartilhar custos operacionais combinados — como folha e patrocínios. Mas os conflitos se agravaram entre junho e julho de 2025, quando tentamos viabilizar uma saída coordenada da operação e fomos ignorados. A EA interrompeu as comunicações, descumpriu acordos de transição e passou a tomar decisões unilaterais, culminando na exclusão da marca da licença.
O modelo de SCP pode funcionar quando há alinhamento e governança clara — mas se transforma em armadilha quando o operador da licença concentra todos os acessos e começa a agir unilateralmente. O que se vê aqui é um exemplo clássico de assimetria estrutural: quem construiu a marca não tinha mais controle sobre o próprio futuro.
OPERAÇÃO FINANCEIRA E ENCERRAMENTO
Portal FA: Quando vocês foram informados sobre a decisão de encerramento da operação?
Jamais fomos formalmente informados. Fomos surpreendidos na sexta-feira, 18 de julho, com uma mensagem publicada no site da HanzBet. Essa foi a primeira vez em que a EA, mesmo de forma indireta, indicou o encerramento efetivo da operação com a nossa marca. Desde o início de julho, não houve mais qualquer contato por parte da EA.
Portal FA: Houve alguma comunicação prévia entre as partes antes da publicação do aviso aos usuários?
Não. Até junho, estávamos discutindo uma transição acordada. Mas a partir de julho, a EA cessou os contatos e rompeu o cronograma que previa migração, fechamento financeiro e distrato. A publicação foi feita sem qualquer aviso ou consentimento da NT.
Portal FA: O que vocês podem compartilhar sobre o cenário financeiro da operação no momento da ruptura?
A NT sustentou parte relevante da operação de forma unilateral por meses, utilizando recursos próprios, diante da omissão da EA em arcar com custos que estavam claramente previstos no contrato — como folha de pagamento, marketing, tecnologia e suporte. Isso configurou um desequilíbrio econômico e abuso na relação societária. Quando, já em situação crítica, iniciamos tratativas para uma saída estruturada, a EA apresentou diferentes versões de balanço, com divergências expressivas entre elas. Até o momento, não houve entrega de um demonstrativo financeiro consolidado, auditável e coerente, o que compromete qualquer análise de resultado ou definição justa de compensações.
Portal FA: A estrutura de pagamentos — incluindo saldos de jogadores e comissões de afiliados — estava sob controle direto de qual parte?
Toda a infraestrutura financeira estava sob controle da EA: gateways de pagamento, contas bancárias, subcontas e CRMs. A NT não tinha autonomia nem acesso direto a essas ferramentas, o que reforça a responsabilidade da EA sobre qualquer pendência junto a usuários, afiliados e fornecedores.
O ponto mais grave aqui não é o encerramento em si — é a forma como ele ocorreu: sem aviso, sem transição, sem prestação de contas. Para uma operação que lidava com valores depositados por milhares de usuários e comissões de afiliados ativos, o mínimo esperado seria um encerramento responsável e transparente. Não foi o que aconteceu.
GOVERNANÇA E LIMITES CONTRATUAIS
Portal FA: Os contratos firmados previam mecanismos de arbitragem, mediação ou veto em decisões estratégicas como o encerramento da marca?
Sim. O contrato previa tanto governança compartilhada quanto dever de comunicação prévia em decisões estratégicas, especialmente aquelas que impactassem diretamente a operação da marca ou os usuários finais.
Portal FA: Vocês chegaram a acionar juridicamente algum desses dispositivos?
Sim. Iniciamos notificações, contranotificações e exigências de prestação de contas — todas ignoradas ou respondidas de forma evasiva. Estamos com medidas jurídicas em andamento, respeitando o devido processo legal.
Portal FA: Como avaliam os riscos e fragilidades que podem surgir em modelos de operação baseados em licença compartilhada (slot)?
O principal risco está na assimetria de poder. Quando o operador da licença não respeita a marca, o contrato ou os usuários, o sócio participante fica vulnerável. A experiência da HanzBet evidencia a importância de governança clara, acesso compartilhado e controle contratual equilibrado.
A governança prevista no papel não foi suficiente para evitar a ruptura na prática. E isso escancara um problema que pode se repetir em outras parcerias com estrutura semelhante: contratos frágeis diante da concentração de poder técnico, bancário e jurídico em uma única parte. A promessa de sociedade se torna, na prática, uma relação de dependência — sem garantias mínimas de proteção mútua.
TRANSIÇÃO E IMPACTO PARA O USUÁRIO
Portal FA: Após o aviso de encerramento, houve algum tipo de migração planejada ou redirecionamento de usuários?
Havia, sim, um plano de transição. Propusemos, e a EA chegou a aceitar, um cronograma com três etapas: migração planejada de usuários, fechamento financeiro conjunto e destrato formal. No entanto, esse plano foi abandonado unilateralmente pela EA. A exclusão da marca ocorreu de forma abrupta e sem qualquer migração organizada.
Portal FA: Algum canal de atendimento chegou a sugerir ou indicar outra marca aos clientes da HanzBet?
Recebemos relatos de usuários que foram orientados ou convidados a acessar outra marca (BateuBet). Isso está sendo documentado e será objeto de apuração técnica e jurídica, especialmente diante da possibilidade de uso indevido da base da HanzBet sem autorização da NT.
Portal FA: Existe alguma investigação interna ou documentação sendo reunida sobre esse possível redirecionamento?
Sim. A NT já iniciou coleta de provas, registros de atendimento e depoimentos de usuários. Estamos analisando possíveis desvios de tráfego, reaproveitamento de base de dados e associação indevida da nossa marca a outras operações — condutas que violariam diretamente o contrato e a LGPD.
A eventual reutilização da base de dados da HanzBet sem autorização da parte que detinha a marca é um ponto crítico — com possíveis implicações civis, contratuais e regulatórias. O uso de canais de atendimento da operação encerrada para sugerir outra marca também levanta um alerta grave: o jogador não está sendo apenas redirecionado, mas conduzido sem saber em que condições, com quais garantias e sob qual estrutura jurídica.
PARCEIROS, AFILIADOS E REPUTAÇÃO
Portal FA: Como a situação foi comunicada aos afiliados e parceiros comerciais da marca?
Com transparência e respeito. Desde o início da crise, mantivemos nossa rede informada sobre os impasses contratuais, destacando que os bloqueios operacionais não eram de nossa responsabilidade. Fizemos isso para preservar a confiança e a reputação da NT.
Portal FA: Que tipo de prejuízos ou impactos vocês identificaram até aqui sobre essa rede de parceiros?
Afiliados deixaram de receber comissões, contratos publicitários foram impactados e muitos fornecedores ainda aguardam pagamentos. Além disso, a associação da marca HanzBet à desorganização operacional da EA gerou danos reputacionais que ainda estamos mensurando.
Portal FA: Há intenção de manter diálogo ou reparar eventuais perdas com esses afiliados?
Sim. A NT está e sempre esteve aberta ao diálogo com todos os parceiros afetados. No entanto, é importante deixar claro que enfrentamos limitações práticas: não temos acesso aos dados financeiros completos, nem conseguimos conduzir um encerramento amigável da operação, já que a EA — detentora da licença e signatária dos contratos com afiliados — se recusou a concluir um fechamento com balanço ajustado. Diante disso, não temos hoje os meios diretos para compensar essas perdas financeiramente. Ainda assim, continuamos oferecendo todo suporte informacional e jurídico possível aos parceiros, inclusive com documentos e orientações formais, pois o respeito à cadeia de valor é um princípio inegociável para a NT.
Mesmo com a operação encerrada, o elo de confiança com afiliados e parceiros segue como ativo sensível — e ameaçado. A NT reconhece sua limitação operacional atual, mas acerta ao manter o suporte jurídico e informacional aberto. A ausência de um fechamento financeiro conjunto, por parte da EA, arrasta a rede para a incerteza. E nessa ponta da cadeia, o prejuízo pode ser invisível — mas nunca pequeno.
PRÓXIMOS PASSOS E MEDIDAS
Portal FA: Que caminhos estão sendo avaliados neste momento — tanto no campo jurídico quanto empresarial?
No campo jurídico, estamos formalizando ações para responsabilizar os envolvidos pela ruptura contratual e pelos danos causados à operação. No campo empresarial, avaliamos alternativas para resgatar o legado da HanzBet, seja com nova estrutura ou reposicionamento da marca.
Portal FA: Vocês pretendem retomar a operação da marca HanzBet sob nova estrutura ou esse ciclo se encerra aqui?
A marca HanzBet continua sendo um ativo da NT e não está encerrada. Seguimos abertos a reestruturar a operação com parceiros que compartilhem nossos princípios: ética, transparência e compromisso real com o cliente e o mercado.
Portal FA: Já houve alguma tentativa de diálogo ou reconciliação institucional com os demais envolvidos na licença?
Sim. Em junho, houve tentativa formal de saída organizada — com três etapas consensuais. A EA não cumpriu o combinado e, desde julho, não responde a nenhuma tentativa de contato. Seguimos abertos ao diálogo, desde que com base em regras claras e respeito mútuo.
A NT evita declarar um fim definitivo à marca HanzBet — e não por apego emocional, mas porque ela ainda representa um ativo com identidade construída, base engajada e valor de mercado. O ponto é: sem controle da operação nem abertura da outra parte, qualquer retomada depende de uma reestruturação completa. E isso exige parceiros novos, capital novo e, acima de tudo, um novo pacto de confiança.
REFLEXÃO PESSOAL E VISÃO DE MERCADO
Portal FA: Que aprendizados essa experiência trouxe em relação à estruturação jurídica e operacional de uma marca no setor de apostas?
Aprendemos, com firmeza, que a blindagem jurídica é tão importante quanto a capacidade operacional. Não basta ter performance e estrutura — é essencial garantir que o parceiro que opera a licença atue com responsabilidade, transparência e respeito contratual. Um contrato mal executado pode desmoronar todo um projeto.
Portal FA: Como vocês enxergam o atual estágio da regulamentação brasileira nesse aspecto de governança entre marcas e licenciados?
O processo regulatório brasileiro ainda está em construção, mas já demonstra um alerta importante: só quem estiver devidamente estruturado, capitalizado e comprometido com boas práticas vai prosperar. Modelos amadores ou arranjos desequilibrados tendem a colapsar. É preciso exigir mais responsabilidade de quem detém uma outorga.
Portal FA: Se pudessem recomendar algo a quem está entrando no mercado agora, o que diriam?
Diriam três coisas:(i) Escolha parceiros com histórico, não com promessas. (ii) Jamais entregue sua marca sem mecanismos reais de governança e controle. (iii) E, sobretudo, lembre-se que o setor exige mais do que tecnologia: exige ética, prestação de contas e compromisso com o cliente. Apostar com seriedade é respeitar quem está do outro lado da tela.
O discurso final da NT resume a essência de tudo que esta ruptura expôs: sem governança, não há futuro. O caso da HanzBet não é apenas uma disputa entre sócios — é um alerta para um mercado que cresceu rápido demais, muitas vezes sem estrutura. E que agora, diante da regulamentação, precisará escolher entre amadurecer ou desaparecer.
Nota oficial da EA Entretenimento e Esportes Ltda.


São Paulo, 21 de julho de 2025
EA ENTRETENIMENTO E ESPORTES LTDA ESCLARECE O ENCERRAMENTO DA PARCERIA COM O GRUPO NT E A DESCONTINUIDADE DA MARCA HANZBET
A EA ENTRETENIMENTO E ESPORTE LTDA. (“EA ENTRETENIMENTO”), em respeito à transparência e ao compromisso com o mercado e seus stakeholders, vem a público para esclarecer os recentes desenvolvimentos relacionados à descontinuidade das operações da marca HanzBet e ao encerramento da parceria comercial com o Grupo NT.
Inicialmente, cabe esclarecer que a EA ENTRETENIMENTO nada fez além de encerrar a sua relação comercial com o Grupo NT. Essa relação, que se iniciou em janeiro de 2025 com o licenciamento de direitos de propriedade intelectual e prestação de serviços pelo Grupo NT, previa a satisfação de determinadas condições para a sua manutenção ao longo de 2025. Ocorre que isso simplesmente não ocorreu. Uma vez encerrada a relação contratual entre as partes, EA ENTRETENIMENTO e Grupo NT tentaram, por semanas, um acordo a respeito de um caminho alternativo para o relacionamento entre as partes, o que, infelizmente, não foi possível.
O encerramento da relação comercial entre EA ENTRETENIMENTO e o Grupo NT, portanto, decorreu de previsão contratual expressa e previamente estabelecida nos instrumentos firmados entre as partes.
Nos termos desses mesmos instrumentos, a EA ENTRETENIMENTO vem tomando, desde a última sexta-feira (18/7), as medidas necessárias para assegurar o encerramento da marca HanzBet com a preservação de todos os direitos de seus apostadores, nos termos de plano já apresentado à Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda. Cabe exclusivamente à EA ENTRETENIMENTO, na condição de agente operador autorizado, a condução e responsabilidade por esse processo.
A EA ENTRETENIMENTO reitera que não há que se falar em qualquer ilícito ou irregularidade por parte da companhia. Todas as ações tomadas foram pautadas pela estrita observância da legislação vigente e em conformidade com os termos e condições acordados contratualmente. A EA ENTRETENIMENTO está à disposição de todos os apostadores que tenham tido qualquer dificuldade em realizar o saque de seus valores, e assegura que todos os valores serão restituídos até a completa desativação da marca HanzBet. Também se coloca à disposição de fornecedores e demais parceiros para esclarecer qualquer dúvida sobre o encerramento de relações contratuais.
A EA ENTRETENIMENTO lamenta o comportamento leviano do Grupo NT e parte de seus acionistas nas recentes manifestações que vieram a público e reafirma seu compromisso com a ética, a legalidade e a boa-fé em todas as suas relações comerciais e operacionais. A empresa segue focada em suas estratégias de negócio e no desenvolvimento de novas iniciativas, sempre com o objetivo de oferecer serviços de excelência e valor ao mercado.
Para quaisquer dúvidas ou informações adicionais, solicitamos que entrem em contato através dos canais oficiais.
Atenciosamente,
EA ENTRETENIMENTO E ESPORTES LTDA
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