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O fim dos grupos VIP de apostas? MP aceita denúncia contra influenciador

  • Foto do escritor: Fred Azevedo
    Fred Azevedo
  • 1 de mai.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 10 de jun.

Durante anos, a palavra "dobrar" virou mantra em grupos de Telegram, páginas do Instagram e anúncios disfarçados de Stories. Dobrar banca. Dobrar de novo. E de novo.


Imagem dos resultados de um influenciador. Estratégia usada conhecida como "10 Dobras".
Imagem promocional atribuída a um influenciador, divulgando o suposto resultado de uma sequência de apostas usando a estratégia conhecida como “10 Dobras”.

A ilusão de que era possível transformar pequenos valores em fortunas de seis dígitos com apostas esportivas virou produto — e quem vendia essa fórmula virou celebridade. Mas esse enredo está cada vez mais desacreditado.


Não se trata de algo impossível, mas sim matematicamente improvável. O método, geralmente baseado em apostas com odds entre 1.30 e 1.50, consistia em reinvestir o valor inicial somado ao lucro obtido a cada rodada. Assim, por exemplo, alguém começaria com R$ 500, transformaria em R$ 800, e seguiria apostando até supostamente alcançar montantes expressivos.


Na prática, basta um único erro no meio do caminho para zerar toda a sequência — e essa é uma conta que não fecha para a maioria dos apostadores.


Nos bastidores do mercado, um documento entregue ao Ministério Público Federal pode marcar o ponto final de uma geração de influenciadores que cresceram sob promessas ousadas, ausência de transparência e práticas que agora passam a ser questionadas oficialmente.


O nome citado na denúncia? Um dos mais conhecidos desse ecossistema: Helder da Bet.


Vídeo da denúncia feita pelo influenciador @pauloserafin

De gurus a réus potenciais: o ciclo pode estar se fechando


O que começou com vídeos virais mostrando supostas bancas transformadas em fortunas agora ganha contornos de responsabilidade institucional. A denúncia entregue ao MPF reúne prints, links, relatos e elementos jurídicos com pedido de apuração formal, com base no Código Penal, no Código de Defesa do Consumidor e na Lei Geral das Apostas.


O documento levanta suspeitas sobre práticas como:


  • Promessa de ganhos irreais sem exposição clara dos riscos;

  • Condicionamento do “acesso gratuito” a depósitos e cadastros (o que poderia configurar venda casada);

  • Remuneração baseada nas perdas dos seguidores (modelo CPA + Revenue Share);

  • Suposta manipulação de comentários e provas sociais;

  • Omissão frequente de resultados negativos;

  • E mais: pedidos de apuração sobre possíveis irregularidades contratuais e publicidade enganosa.


Cabe agora ao Ministério Público investigar os fatos e, se for o caso, propor medidas cabíveis.



O castelo de cartas das promessas fáceis


O dossiê protocolado no Ministério Público Federal traz uma narrativa direta: são dez páginas com elementos documentais, prints de conversas, vídeos, links ativos e depoimentos solicitando apuração de práticas que, segundo o denunciante, teriam lesado consumidores com promessas desproporcionais, omissão de riscos e manipulação de expectativas.


Treho de conversa entre o participante e o grupo VIP dito gratuito.
Trecho da conversa em que o participante é orientado a criar uma nova conta e realizar depósito para acessar o grupo anunciado como gratuito.

O acesso aos grupos VIP, anunciados como gratuitos, exigia, de acordo com a denúncia, o cadastro em casas de apostas específicas e depósitos mínimos. O documento levanta suspeita de venda casada e falsa gratuidade, além de destacar que a remuneração do influenciador se dava por meio de comissões por cadastro (CPA) e sobre as perdas dos usuários (Revenue Share).


Outra conversa entre participante e grupo VIP, dito gratuito mas que pede depósito e novo cadastro na casa de aposta.
Outra conversa evidenciando que, mesmo após informar que já possuía conta, o usuário foi instruído a criar nova conta e depositar, contrariando a ideia de gratuidade.

A denúncia ainda sugere que boa parte dos elogios públicos feitos ao método seriam fruto de incentivos como brindes, bancas gratuitas ou visibilidade em troca de comentários positivos — estratégia que inflaria a percepção de sucesso de forma artificial.

Se confirmadas, essas práticas representam mais do que marketing agressivo. São questões sensíveis que agora entram no campo da investigação pública.


Influência sob investigação


Não se trata de um caso isolado. A entrega da denúncia ao MPF representa um marco simbólico: o início de uma nova fase, onde práticas antes naturalizadas por influenciadores de apostas começam a ser analisadas sob a ótica legal.


Com a nova legislação do setor de apostas de quota fixa em vigor (L14790/2023) e a estrutura fiscalizatória se consolidando, a lógica do "o que importa é o CPA" começa a ser desafiada. As provas agora são públicas. Os termos estão sendo interpretados à luz do direito. E a tolerância institucional parece estar mudando.


Publicações com comentários positivos sobre o grupo. A denúncia aponta que parte desses elogios teria sido incentivada por brindes ou bancas gratuitas.
Publicações com comentários positivos sobre o grupo. A denúncia aponta que parte desses elogios teria sido incentivada por brindes ou bancas gratuitas.

Grupo VIP de apostas não é crime — desde que haja clareza


Ter um grupo VIP de apostas, cobrar por acesso ou condicioná-lo a um cadastro numa casa parceira não é, por si só, ilegal. A linha entre o aceitável e o abusivo está na transparência e no consentimento. O problema não está em dizer “faça o cadastro e venha para o grupo”, mas sim em vender isso como gratuito quando na verdade exige depósito, ou em manipular depoimentos para criar uma falsa promessa de lucro.


Se o influenciador ou afiliado explica claramente que a monetização vem da comissão por CPA ou RevShare, e o apostador tem liberdade de escolha, estamos falando de um modelo legítimo de parceria comercial. Inclusive, muitos afiliados sérios deixam isso claro desde o primeiro contato: que o apoio do usuário ajuda a financiar brindes, ferramentas, gestão do grupo e até análise de entradas.


A nova legislação não proíbe essa estrutura — ela exige que seja feita com responsabilidade e tranparência, sem enganar ou explorar.


Afiliado bom é afiliado claro: sem redirecionamento forçado, sem milagre prometido


Há um novo perfil de influenciador no mercado: aquele que fala abertamente sobre CPA, RevShare, riscos, controle emocional e até limites de aposta. Que mostra o lado bom e o lado ruim. Que não “vende sonho”, mas compartilha estratégias e dicas com honestidade. Que tem política de privacidade, termo de uso e códigos de conduta.


Muitos desses criadores estão ajudando o mercado a amadurecer, inclusive educando apostadores sobre ferramentas de jogo responsável e fazendo parte de iniciativas de transparência.


O problema nunca foi o RevShare — o problema é usar isso como motivação para manipular o apostador ou levá-lo intencionalmente ao prejuízo. Isso, sim, é passível de investigação e punição. Mas o RevShare bem declarado, como em qualquer outro programa de afiliados, é uma forma legítima de remuneração reconhecida mundialmente.


O fim de uma era?


A era da alavancagem como entretenimento digital pode estar perto do fim. Aquela narrativa de que “quebrar a banca faz parte do processo” já não encontra o mesmo espaço, especialmente quando há dinheiro real envolvido, pouca transparência e promessas de sucesso sem garantia.


É cedo para afirmar os desdobramentos. Mas o envio dessa denúncia já coloca o mercado em alerta.


Um mercado em transição — e uma oportunidade de profissionalização


O envio da denúncia ao Ministério Público não é apenas um episódio isolado — é um reflexo de um setor que está em plena transformação. Com as novas regras em vigor, o que se espera dos influenciadores e afiliados é mais do que alcance ou engajamento: é responsabilidade.


Se por um lado os abusos precisam ser apurados, por outro, é fundamental proteger e reconhecer os profissionais que atuam dentro da legalidade, com ética e compromisso com seus seguidores. A profissionalização do marketing de afiliados em apostas é inevitável — e desejável. E quem estiver disposto a fazer da transparência um diferencial competitivo, não apenas sobreviverá, mas será referência.


Nota do Editor


Este artigo se baseia em uma denúncia protocolada por terceiros junto ao Ministério Público Federal. Ressaltamos que a existência de uma denúncia não implica culpa ou responsabilização de nenhuma das partes citadas. Qualquer conclusão dependerá de investigação oficial e eventual julgamento pelas autoridades competentes.


Reiteramos que este espaço permanece aberto para manifestação do influenciador citado na denúncia ou de qualquer outro envolvido que deseje apresentar sua versão dos fatos.


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