Cassinos: a receita que o Brasil insiste em deixar para a mesa dos outros
- Fred Azevedo

- 28 de jun.
- 4 min de leitura
Atualizado: 24 de set.
O Brasil discute, com atraso e hipocrisia, se deve ou não regulamentar os jogos de azar. Enquanto isso, o dinheiro segue escorrendo por debaixo da porta — sem impostos, sem emprego formal, sem controle. A estimativa de arrecadação com cassinos, bingos e jogo do bicho legalizados gira em torno de R$ 20 bilhões por ano, valor equivalente ao contingenciamento promovido pelo governo federal no primeiro semestre de 2025.
Isso mesmo: o que falta na conta está, literalmente, sendo apostado à margem da lei.
É um recurso que o Brasil não pode abrir mão”, afirma o senador Irajá, relator do PL 2234/22, na matéria da BNLData “Arrecadação prevista com a legalização dos jogos de azar é maior que contingenciamento de R$ 20 bi
Fonte: Arrecadação prevista com a legalização dos jogos de azar é maior que contingenciamento de R$ 20 bi
O cálculo é simbólico. E estratégico. Colocar lado a lado o valor do corte orçamentário com o que poderia estar sendo recolhido da atividade que já existe — mas opera nas sombras — serve como alerta: a escolha por não regular tem um custo. E ele recai, mais uma vez, sobre os ombros da população comum.

Um debate sabotado pela moral de conveniência
Cassinos, bingos e jogo do bicho não são promessas para o futuro. São uma realidade presente, pulsante, ativa. Em qualquer capital brasileira, é possível localizar pelo menos um cassino clandestino operando com fachada de clube, bar ou ponto comercial “alternativo”. O Estado finge que não vê. A polícia age pontualmente. E a Receita… não arrecada nada.
Os argumentos contrários à legalização são conhecidos: ludopatia, endividamento, criminalidade. Mas não resistem à luz dos dados. Quem joga hoje já está exposto a todos esses riscos — sem qualquer proteção legal, sem regras mínimas, sem suporte público. O veto à regulamentação não protege. Ele abandona.
Cassinos e o potencial de transformação econômica
Além dos R$ 20 bilhões em arrecadação direta, o relatório do senador Irajá projeta a criação de 1,5 milhão de empregos e a atração de mais de R$ 100 bilhões em investimentos privados para infraestrutura, turismo e entretenimento.
Seriam cassinos integrados a resorts, hotéis, centros de convenções, restaurantes e teatros. Um polo de desenvolvimento econômico para regiões hoje periféricas na rota do turismo.
A conta é clara: ou arrecadamos com responsabilidade ou seguimos financiando a ilegalidade.
O medo do jogo… ou do controle?
Boa parte da resistência ao PL dos Jogos de Azar vem de setores que usam o argumento da ludopatia para frear o debate, mas não movem uma vírgula para combater o que já existe no mercado paralelo. Usam o medo como escudo para manter a inércia.
A proposta do relator, ao contrário do que muitos sugerem, não é uma liberação geral. As licenças serão federais, limitadas, com critérios de viabilidade e outorga onerosa. Haverá registro por CPF, pagamento via Pix ou débito, monitoramento pela Receita e obrigação de ações de jogo responsável. O que hoje acontece sem qualquer regra será trazido para dentro da legalidade, com instrumentos de controle e fiscalização.
Se isso ainda parece pouco, cabe a pergunta: o que é mais seguro — um cassino regulamentado com obrigações legais, ou uma casa clandestina financiada por dinheiro sujo e protegida por milícia local?
A sabotagem moral da CPI das Bets
O ambiente legislativo ficou ainda mais contaminado após o fim da CPI das Apostas, que tentou empurrar para os jogos de azar as mazelas do vício digital, da influência irresponsável e da má-fé de alguns influenciadores. O relatório final sequer foi aprovado. Ainda assim, a sombra do escândalo paira sobre o Congresso, impedindo que projetos sérios avancem.
Mas há uma diferença substancial: a CPI focava nas bets esportivas — um universo digital, de operação remota, com estímulos contínuos e apostas compulsivas a cada clique. Já o PL 2234/22 trata de cassinos físicos, presenciais, com estrutura de hospitalidade, limite territorial e obrigatoriedade de auditoria. São debates distintos, que não podem ser misturados à força.
A lei está pronta. O país, nem tanto.
A Lei 14.790/2023 trouxe as bases para a exploração legal das apostas esportivas e jogos online, com obrigações rígidas de responsabilidade social, combate à lavagem de dinheiro e proteção ao jogador. O PL dos Jogos de Azar vai além: cria um novo ecossistema de turismo, emprego e receita para os entes federativos — União, estados e municípios.
Mas o medo político e o puritanismo disfarçado de zelo continuam sendo os maiores obstáculos.
Reflexão final
Se o Brasil estivesse mesmo preocupado com o vício em jogo, não teria ignorado por décadas os bingos disfarçados de igrejas evangélicas, os cassinos em fundos de bares, os caça-níqueis em galpões industriais e os aplicativos de bicho que funcionam 24 horas por dia.
A escolha aqui não é entre legalizar ou não. A escolha real é: vamos regular e arrecadar com responsabilidade ou continuar financiando a ilegalidade que já destrói famílias sem dar nada em troca ao país?
O tempo da dúvida passou. O jogo segue em andamento. A questão é: quem vai levar a banca?
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