Novo diretor da Loteria Mineira apresenta planos ambiciosos, mas enfrenta desafios

Onésimo Diniz Moreira foi aprovado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais para dirigir a Loteria do Estado e apresentou projetos interessantes durante sua sabatina. A informação é do portal BNL Data.

Quer reimplantar casas lotéricas, criar parcerias com cooperativas de crédito e expandir atendimento para pequenas cidades através do projeto "Acelera UAI".

Os planos demonstram visão de crescimento e modernização que pode beneficiar apostadores mineiros. Mas Onésimo herda uma estrutura que apresenta alguns desafios práticos importantes para implementar essa expansão.

A questão central é: como executar projetos ambiciosos com uma equipe reduzida e próxima da aposentadoria?

Novo diretor da Loteria Mineira apresenta planos ambiciosos, mas enfrenta desafios

Os números da Loteria Mineira atual

Durante a sabatina, Onésimo foi transparente sobre a situação que vai enfrentar. A Loteria Mineira opera com apenas 20 servidores, sendo 10 efetivos e 10 de recrutamento amplo. A média de idade é de 61 anos, com seis funcionários já em condições de se aposentar.

A arrecadação de 2024 foi de R$ 17 milhões, com despesas totais de R$ 4,376 milhões. Desse valor, R$ 2,4 milhões vão para inativos, R$ 1,6 milhão para ativos e apenas R$ 339 mil para custeio operacional.

Desde 2019, a instituição transferiu R$ 129 milhões para obras e projetos sociais do estado — número que mostra relevância da operação, mesmo com estrutura enxuta.

Aprofundamento: os projetos em perspectiva

O principal projeto apresentado por Onésimo é o "Acelera UAI", que usará recursos do fundo de marketing para instalar balcões lotéricos em cidades pequenas e médias.

A iniciativa incluiria dois balcões por localidade e financiamento das obras necessárias.

Outro foco é a reimplantação das casas lotéricas mineiras como pontos de arrecadação e serviços bancários em áreas não atendidas, além de parcerias com o SICOOB para criar balcões em bairros afastados e pequenos comércios.

O potencial é evidente: Minas Gerais tem muitos municípios pequenos carentes de serviços financeiros e lotéricos. A capilaridade que uma rede bem estruturada pode oferecer beneficiaria tanto apostadores quanto comunidades locais.

O desafio é igualmente claro: executar essa expansão com equipe de 20 pessoas, sendo que metade pode se aposentar em breve.

Possíveis soluções para os gargalos estruturais

Onésimo demonstra consciência dos problemas e já indicou algumas estratégias. Quando questionado sobre como operar com poucos funcionários, mencionou a necessidade de concentrar a equipe atual em fiscalização e operacionalização.

Sua formação em Direito permitiria assumir parte da assessoria jurídica, enquanto contaria com a procuradoria estadual e a sede para comunicação. Também mencionou pleito no Cofim por oito vagas adicionais para suplementar a equipe.

A experiência no BDMG, onde trabalhou com credenciamento de empresas e inserção de cooperativas, pode ser valiosa para as parcerias planejadas. Sua década no SICOOB CRED Minas também oferece conhecimento prático do setor.

Base legal e institucional

A competência da LEMG, conforme descrita pelo governador Romeu Zema, inclui "gerar recursos e destiná-los à promoção do bem-estar social" através da "exploração de jogos lotéricos e similares no Estado, incluindo os jogos eletrônicos por meio físico e digital".

Essa base legal ampla oferece margem para os projetos propostos, desde que executados dentro dos limites da regulamentação federal sobre loterias estaduais.

Os 200 processos de agentes lotéricos pendentes de análise representam demanda reprimida que, se bem aproveitada, pode acelerar a expansão pretendida.

O contexto das loterias estaduais

A aprovação de Onésimo acontece num momento interessante para loterias estaduais.

Com a regulamentação federal das apostas, essas instituições precisam encontrar seu espaço e demonstrar valor agregado.

Os projetos apresentados mostram entendimento de que loterias estaduais podem oferecer capilaridade e proximidade que operadores nacionais dificilmente conseguem em municípios menores.

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A parceria com cooperativas de crédito é especialmente inteligente, aproveitando a rede já estabelecida dessas instituições no interior mineiro.

Desafios práticos pela frente

Mesmo com boa vontade e planos sólidos, Onésimo enfrentará questões operacionais importantes:

Recursos humanos: Como executar expansão com equipe reduzida e envelhecida? O pleito por oito vagas é suficiente?

Recursos financeiros: R$ 339 mil de custeio é montante adequado para os projetos propostos?

Concorrência: Como competir com casas de apostas federais que investem milhões em marketing e tecnologia?

Regulamentação: Quais os limites exatos para operação de loterias estaduais no novo marco regulatório?

Reflexão final: potencial versus realidade

Onésimo Diniz Moreira apresenta perfil técnico adequado e visão clara sobre potencial da Loteria Mineira. Sua experiência no sistema financeiro mineiro e conhecimento do interior do estado são ativos importantes.

Os projetos propostos fazem sentido estratégico e podem realmente agregar valor para apostadores e comunidades menores. A ideia de usar loterias como ferramenta de inclusão financeira em municípios pequenos é válida e necessária.

O sucesso dependerá da capacidade de superar os gargalos estruturais — principalmente recursos humanos e orçamentários — que podem inviabilizar execução dos planos.

Se conseguir resolver essas questões básicas, Onésimo tem potencial para modernizar e expandir a Loteria Mineira de forma sustentável. Se não conseguir, corre o risco de ver bons projetos morrerem na gaveta por falta de estrutura para executá-los.

Para o apostador mineiro, resta torcer que os planos saiam do papel — porque uma loteria estadual mais capilarizada e eficiente pode ser alternativa interessante num mercado cada vez mais concentrado.

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