Plano do governo contra o jogo problemático aposta em autoexclusão e capacitação do SUS
- Fred Azevedo

- 30 de set.
- 3 min de leitura
Governo lança pacote para enfrentar o jogo problemático
O Brasil acaba de ganhar seu primeiro plano integrado para lidar com os riscos do jogo problemático. O relatório final do Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), divulgado em 29 de setembro, apresenta medidas que vão desde a criação de uma plataforma nacional de autoexclusão até a qualificação de 20 mil profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS).
A iniciativa reúne quatro ministérios — Fazenda, Saúde e Esporte, além da Secretaria de Comunicação Social da Presidência — sob coordenação da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA).
Segundo Regis Dudena, secretário da SPA, o objetivo central é claro: “proteger apostadores e a economia popular, reduzindo as externalidades negativas das apostas de quota fixa”.

Autoexclusão centralizada: bloqueio total em todos os sites autorizados
Um dos pilares do plano é a plataforma nacional de autoexclusão, prevista para entrar em operação ainda em 2025. O sistema permitirá que qualquer apostador bloqueie seu CPF em todas as casas de apostas licenciadas pela SPA, o que inclui:
cancelamento do acesso imediato a sites e aplicativos autorizados;
proibição de novos cadastros;
interrupção do recebimento de publicidade direcionada.
Embora a autoexclusão já fosse exigida de forma isolada pelas operadoras, a unificação é vista como avanço decisivo para reduzir danos associados ao jogo problemático.
SUS na linha de frente: 20 mil profissionais qualificados
Outra frente relevante é a capacitação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS-SUS). O Ministério da Saúde, em parceria com a Fiocruz Brasília, vai ofertar um curso autoinstrucional de 45 horas para 20 mil profissionais da rede.
Marcelo Kimati, diretor do Departamento de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas, explicou que o treinamento busca fortalecer equipes já existentes: “A prioridade é preparar a RAPS para atender pessoas com problemas relacionados às apostas e coordenar as ações previstas pelo governo.”
Autoteste de saúde mental e novas diretrizes para operadoras
O plano também traz medidas diretamente voltadas ao jogador:
autoteste de saúde mental integrado às plataformas de apostas, permitindo que cada usuário avalie sua própria relação com o jogo;
diretrizes mínimas de atendimento a serem seguidas por todas as casas licenciadas;
materiais educativos voltados a atletas, abordando integridade esportiva e prevenção à manipulação de resultados;
campanha nacional de comunicação para conscientizar sobre riscos e limites.
Comitê permanente para monitorar resultados
Para garantir que as ações não fiquem apenas no papel, o governo vai criar o Comitê Permanente de Prevenção e Redução de Danos Relacionados às Apostas, com a mesma composição do GTI.
Giovanni Rocco Neto, secretário nacional de Apostas Esportivas e de Desenvolvimento Econômico do Esporte, ressaltou a importância da articulação: “Essa construção conjunta permite usar os avanços da ciência para mitigar problemas. O governo mostra que está atento às consequências do jogo problemático.”
Reflexão editorial: avanço ou resposta tardia?
O plano apresentado é robusto no papel e traz soluções esperadas há anos pelo setor — como a autoexclusão unificada. Porém, resta a pergunta: por que medidas de saúde mental só surgem após a regulamentação e expansão acelerada das bets no Brasil?
Enquanto bilhões já circulam nas plataformas, a rede pública ainda se prepara para atender a uma demanda crescente. O esforço é válido, mas a distância entre o discurso da “proteção ao apostador” e a realidade da execução precisa ser acompanhada de perto. Caso contrário, a política pública corre o risco de se tornar mais um remendo tardio diante de um problema já instalado.
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