Saldo fake, contas demo, contrato obscuro
- Fred Azevedo
- 14 de mai.
- 3 min de leitura
Atualizado: 9 de jun.
O que são as tais “contas demo” que apareceram na CPI das Apostas
Nesta quarta-feira, o influenciador Rico Melquiades prestou depoimento à CPI das Apostas.
Ao ser questionado sobre o uso de contas "demo", negou tê-las usado, mas admitiu saber o que são.
E isso levantou uma dúvida importante: o que exatamente é uma conta demo? E por que isso é um problema?

O que são contas demo?
Contas demo são acessos fornecidos por plataformas de apostas a influenciadores, para que eles joguem em vídeos e transmissões com saldo fictício, sem arriscar o próprio dinheiro.
Na prática, trata-se de uma “banca fake”, com valores visíveis na tela, mas que não representam um jogo real.
Esse tipo de conta permite que o influenciador mostre os jogos ao público com liberdade — mas quando esse conteúdo é editado para mostrar só vitórias, ou não deixa claro que o saldo é simulado, isso pode ser interpretado como propaganda enganosa.
Isso é legal?
Do ponto de vista jurídico, o uso de contas demo ainda não é regulamentado no Brasil.
A Lei 14.790/2023 que legaliza o iGaming fala de regras de publicidade e responsabilidade, mas não detalha esse tipo de prática.
No entanto, isso não significa que tudo é permitido. Se o influenciador ou a plataforma induzirem o público ao erro — fazendo parecer que os ganhos são reais, ou omitindo que se trata de uma simulação — isso pode ser enquadrado como violação do Código de Defesa do Consumidor.
Resumindo: não é exatamente proibido, mas pode ser questionável — e até ilegal — dependendo de como for feito.
Como funcionam os contratos com influenciadores?
Os modelos variam bastante. Mas em linhas gerais, os contratos mais comuns incluem:
1. Fixo mensal
O influenciador recebe um valor para fazer publicações, menções ou vídeos, independentemente do número de jogadores convertidos.
2. Revenue Share
O influenciador ganha uma porcentagem do que os jogadores que ele indicou gastam na plataforma. Em muitos casos, essa comissão é vitalícia.
3. CPA (Custo Por Aquisição)
Recebe um valor fixo para cada novo jogador que se cadastra e faz o primeiro depósito.
4. Bônus de performance
Alguns contratos incluem premiações adicionais caso o influenciador bata metas de lucratividade para a plataforma.
É aqui que surgem as polêmicas sobre a chamada “cláusula da desgraça alheia”: uma suposta prática em que o influenciador ganharia mais conforme os jogadores perdem mais. Isso não é regra, mas a falta de transparência deixa brechas para abusos.
5. Contrato tipo RAW
Nesse modelo, o influenciador recebe um valor em saldo real (via Pix ou carteira interna) para jogar ao vivo — e precisa cumprir uma quantidade mínima de lives ou horas.
Ao final, ele pode reter uma parte dos ganhos gerados com aquele saldo, como comissão. É um formato híbrido: o saldo é real, mas o risco é compartilhado, e a performance entra como parte do acordo.
E o tal “saldo fake” é fornecido pela casa?
Sim. Em muitos casos, a própria casa de apostas cria a conta demo e compartilha login e senha com o influenciador.
Esse saldo pode ser recarregado a qualquer momento, e não tem vínculo com dinheiro real. Isso significa que o influenciador pode jogar por horas, simular grandes vitórias e nunca perder um centavo.
Se o público não souber disso, está sendo enganado.
Por que isso importa?
Porque estamos falando de um mercado que lida com dinheiro, vulnerabilidade emocional e risco. E onde há risco, deve haver responsabilidade.
Mostrar um jogo com saldo fictício sem avisar, estimular apostas com promessas implícitas de ganhos fáceis, ou não ser claro sobre os termos do contrato são práticas que distorcem a realidade — e colocam o setor em xeque.
O que um marketing sério precisa fazer
Se o Brasil quer um setor de iGaming confiável, os profissionais de marketing precisam:
Evitar, mas deixar claro se usarem contas demo
Evitar edições que só mostram vitórias
Não sugerir que jogar é fonte de renda
Exigir contratos com cláusulas transparentes e responsáveis
Influência digital é poder. E com poder, vem a obrigação de informar direito.
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