6.397 apostas, 8 contra o próprio time
- Fred Azevedo

- 10 de jul.
- 4 min de leitura
Atualizado: 14 de jul.
A suspensão de 42 meses que expõe o vício no futebol profissional
Ryan Bowman, ex-atacante do Cheltenham Town, acaba de ser suspenso por 42 meses pela Associação de Futebol da Inglaterra (FA) após realizar 6.397 apostas esportivas entre 2015 e 2023.
Mas o número impressionante esconde algo muito mais grave: oito dessas apostas foram contra seu próprio time, incluindo três jogos em que atuou os 90 minutos completos.
O caso, reportado pelo iGaming Brazil, revela uma face sombria do futebol profissional que poucos ousam discutir: jogadores viciados em apostas, apostando contra si mesmos, e federações que descobrem tudo anos depois.
É um escândalo que vai muito além de "quebra de regras" — é sobre integridade esportiva, vício em jogos e o quanto o sistema falha em proteger seus próprios atletas.
Quando um jogador profissional aposta contra o próprio time, deixamos o território da "indisciplina" e entramos no campo da manipulação esportiva.
E se isso acontece na Inglaterra — país com uma das federações mais rigorosas do mundo — imagine o que pode estar acontecendo em lugares com fiscalização mais fraca.
Os números que assustam
A investigação da FA mapeou um padrão sistemático de apostas que durou oito anos. Bowman admitiu todos os 52 delitos apontados, incluindo:
Mais de 2.600 apostas enquanto defendia o Exeter City (dezembro 2020 a julho 2021)
Mais de 3.100 apostas durante passagem pelo Shrewsbury Town (agosto 2021 a julho 2023)
87 apostas envolvendo diretamente os clubes que defendia
351 apostas relacionadas às competições em que seus times participavam
6 apostas prevendo que ele mesmo marcaria gols — o que levanta questões sobre possível manipulação de desempenho individual
Para colocar em perspectiva: 6.397 apostas em 8 anos significa uma média de 2,2 apostas por dia, todos os dias, incluindo finais de semana e feriados. Não é "diversão ocasional" — é compulsão.
O agravante que muda tudo
Se fosse apenas questão de "jogador que gosta de apostar", já seria problemático. Mas Bowman cruzou a linha vermelha: apostou contra o próprio time oito vezes. Três dessas apostas aconteceram em jogos onde ele atuou os 90 minutos.
Isso levanta questões devastadoras para a integridade esportiva:
Um jogador em campo pode influenciar o resultado através de falhas propositais?
Como confiar na legitimidade de partidas onde atletas apostam contra si mesmos?
Quantos outros casos existem mas não foram descobertos?
A Comissão Disciplinar foi direta: "Este é um caso muito grave, que inclui diversos exemplos flagrantes de violação das regras da FA sobre apostas."

A reação dos clubes: damage control corporativo
As respostas oficiais dos clubes seguiram o script esperado do "damage control":
Cheltenham Town: "O Cheltenham Town Football Club reconhece o caso disciplinar publicado recentemente pela FA sobre o ex-atacante Ryan Bowman."
Shrewsbury Town: "O Shrewsbury Town reconhece o resultado do processo disciplinar da FA referente ao ex-atacante Ryan Bowman."
Notem o padrão: ambos apenas "reconhecem" a punição, sem expressar indignação, surpresa ou comprometimento com medidas preventivas. É como se estivessem dizendo "aconteceu, mas não é problema nosso."
Nenhum clube mencionou providências internas, programas de conscientização sobre apostas ou mudanças para detectar comportamentos similares no futuro.
O que isso revela sobre controle e fiscalização
O caso Bowman expõe falhas sistêmicas preocupantes:
Demora na detecção: As apostas aconteceram entre 2015 e 2023, mas a punição só veio em 2025. Oito anos para descobrir algo que acontecia sistematicamente.
Falta de monitoramento em tempo real: Como um jogador consegue fazer mais de 6.000 apostas sem ser detectado pelos próprios clubes?
Ausência de programas preventivos: Nenhuma das equipes que Bowman defendeu parece ter estruturas para identificar ou tratar vício em jogos.
Se isso acontece na Inglaterra — onde existe tecnologia, recursos e regulamentação avançada — qual a situação em outros países?
Lições para o futebol brasileiro
O caso Bowman deveria servir de alerta para o futebol brasileiro, especialmente considerando o crescimento explosivo das apostas esportivas no país. Algumas reflexões necessárias:
CBF e federações estaduais têm sistemas de monitoramento para detectar apostas de jogadores? Existem programas de prevenção ao vício em jogos para atletas profissionais?
Clubes brasileiros possuem protocolos para identificar comportamentos suspeitos? Há treinamento sobre os riscos das apostas esportivas?
Atletas jovens estão sendo educados sobre os perigos de apostar, especialmente contra seus próprios times?
Com o Brasil se tornando um dos maiores mercados de apostas do mundo, a ausência dessas proteções pode criar escândalos muito maiores que o caso Bowman.
A suspensão: justa, mas insuficiente
Ryan Bowman ficará suspenso até setembro de 2028 — praticamente o fim de sua carreira, já que terá mais de 35 anos quando voltar a poder jogar. A punição é severa e proporcional à gravidade dos atos.
Mas apenas punir não resolve o problema de fundo: jogadores viciados em apostas precisam de tratamento, não só de suspensão. E o sistema precisa mudar para detectar esses casos antes que durem oito anos.
Considerações finais: integridade e apostas em questão
O caso Ryan Bowman não é apenas sobre um jogador que quebrou regras. É sobre a integridade do esporte mais popular do mundo, sobre como o vício em apostas pode corromper competições, e sobre a necessidade urgente de sistemas preventivos mais eficazes.
Quando jogadores apostam contra seus próprios times, cada passe errado, cada chance perdida, cada gol sofrido vira motivo de suspeita. A credibilidade do esporte fica em xeque.
O futebol mundial — brasileiro incluído — precisa aprender com este caso antes que escândalos similares destruam a confiança dos torcedores no que acontece dentro de campo.
Porque no final das contas, se não podemos confiar que jogadores estão dando o máximo para vencer, o que sobra do esporte?
Fonte: iGaming Brazil. Ryan Bowman foi suspenso por 42 meses após admitir 52 violações das regras de apostas da FA entre 2015 e 2023.
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