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60% dos apostadores do sudeste usam sites ilegais para apostar

  • Foto do escritor: Fred Azevedo
    Fred Azevedo
  • 10 de jul.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 30 de set.

Quando a regulamentação existe no papel, mas o mercado ignora na prática



Uma pesquisa inédita do Instituto Locomotiva acaba de revelar um dado que deveria envergonhar qualquer autoridade responsável pela fiscalização de apostas no Brasil: 60% dos apostadores do Sudeste — a região mais rica e desenvolvida do país — admitem usar plataformas ilegais para apostar.


Os números, divulgados pela BNL Data, fazem parte do estudo "Fora do Radar: Dimensionamento e impactos socioeconômicos do mercado ilegal de apostas no Brasil", realizado pela consultoria LCA com apoio do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR). E eles revelam um fracasso monumental da estratégia de combate às plataformas clandestinas.


Se nem no Sudeste — região com maior nível educacional, renda e acesso à informação — conseguimos fazer apostadores distinguirem sites legais de ilegais, imagine o que acontece no resto do país.


60% dos apostadores do sudeste usam sites ilegais
60% dos apostadores do sudeste usam sites ilegais

O mapa da ilegalidade brasileira


O Sudeste, na verdade, não é nem a pior região em termos de uso de plataformas ilegais. A liderança vergonhosa fica com o Centro-Oeste, onde 71% dos apostadores usam sites sem licença. Na sequência: Norte (66%), Nordeste (61%) e Sudeste (60%). Apenas o Sul apresenta números "melhores", com 54%.


Traduzindo: em todas as regiões do Brasil, a maioria dos apostadores está operando fora do mercado regulamentado. Isso significa que a regulamentação, implementada em janeiro de 2025, falhou em seu objetivo principal: trazer a atividade para o ambiente legal.


Quando questionados sobre marcas específicas, o cenário fica ainda pior: 70% dos apostadores do Sudeste afirmaram ter apostado em pelo menos uma plataforma ilegal. É como se quase 3 em cada 4 pessoas estivessem comprando produtos sem nota fiscal, sabendo dos riscos.


O buraco bilionário nos cofres públicos


As consequências financeiras são devastadoras. O estudo da LCA estima que entre 41% e 51% do mercado brasileiro de apostas ainda opera fora da regulamentação. Isso significa que entre R$ 1,8 bilhão e R$ 2,7 bilhões deixaram de ser arrecadados em apenas três meses.


Projetando para um ano inteiro, a perda fiscal pode chegar a R$ 10,8 bilhões. Para dimensionar: esse valor seria suficiente para pagar o salário anual de 184 mil professores da educação básica ou construir 41 mil casas do programa "Minha Casa, Minha Vida".


Enquanto o governo debate aumentar impostos de 12% para 18% nas plataformas legais — sufocando quem opera corretamente —, bilhões escapam pelos dedos através de sites que não pagam um centavo em impostos.


Por que apostadores escolhem o mercado ilegal


A pesquisa do Instituto Locomotiva revela dados alarmantes sobre a dificuldade dos consumidores em identificar plataformas legais:


  • 78% consideram difícil distinguir sites legais dos ilegais — isso em plena era digital, com informações disponíveis no site do Ministério da Fazenda.

  • 72% afirmam que nem sempre conseguem verificar a regularidade das plataformas onde apostam.

  • 46% dos entrevistados já depositaram dinheiro em uma plataforma posteriormente identificada como falsa ou irregular.


Esses números revelam que não se trata apenas de apostadores "fugindo" propositalmente da regulamentação.


Grande parte está sendo enganada por operadores ilegais que usam táticas sofisticadas: nomes semelhantes aos de marcas legalizadas, mudanças frequentes de domínio e publicidade desregulada através de influenciadores digitais.


As táticas dos ilegais e a ineficiência da fiscalização


Segundo a pesquisa, 3 em cada 4 apostadores utilizaram pelo menos uma das principais plataformas ilegais mapeadas em 2025. Os métodos usados por esses sites incluem:


  • Uso de nomes confusamente similares a marcas licenciadas

  • Mudanças constantes de domínio para escapar da fiscalização

  • Marketing agressivo com influenciadores oferecendo "lucro fácil"

  • Servidores e domínios internacionais para dificultar o combate


As autoridades já desativaram mais de 11 mil domínios irregulares, mas a atuação persiste. É um jogo de gato e rato onde o gato está sempre alguns passos atrás.


Fernando Vieira, presidente executivo do IBJR, é direto na crítica:


"Paradoxalmente, apenas cinco meses após ter pactuado as condições de operação no mercado com os operadores, o governo presenteia as ilegais com um aumento de carga tributária para os regulamentados."


A ironia da política tributária brasileira


Existe uma ironia cruel na situação atual: enquanto o governo aumenta impostos sobre plataformas que operam legalmente, paga R$ 30 milhões de outorga, cumpre todas as regras de proteção ao jogador e gera empregos formais, as plataformas ilegais operam sem qualquer custo tributário.


É como aumentar o preço da gasolina nos postos legais enquanto permite que combustível contrabandeado seja vendido livremente na esquina. O resultado é previsível: mais gente compra o produto ilegal.


Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, destaca que


"a confusão do consumidor é explorada por esses operadores ilegais", mas a solução não pode ser apenas "campanhas educativas". Precisa de ação efetiva.

Como identificar sites legais: guia prático


Para apostadores que querem sair da ilegalidade, os critérios são claros:


  1. Domínio obrigatório: Sites legais usam apenas ".bet.br"

  2. Cadastro rigoroso: Exigem reconhecimento facial e documentos para impedir menores de idade

  3. Limites de proteção: Oferecem controles de tempo e perdas financeiras

  4. Transações limitadas: Aceitam apenas PIX e débito da conta do titular (sem cartão de crédito ou criptomoedas)

  5. Autoexclusão: Permitem que jogadores se excluam quando necessário. A lista completa de sites autorizados está disponível no site do Ministério da Fazenda. Não deveria ser tão difícil assim.


O que os números realmente revelam


Quando 87% dos apostadores defendem que o poder público atue de forma mais incisiva contra plataformas irregulares, fica claro que a demanda por fiscalização existe. O problema é a execução.


A regulamentação brasileira é tecnicamente robusta, mas operacionalmente fraca. Temos leis boas e fiscalização insuficiente. É como ter um código de trânsito excelente sem guardas para fazer cumprir.



Considerações finais: o custo da ineficiência


Os R$ 10,8 bilhões anuais que escapam dos cofres públicos através do mercado ilegal não são apenas perda fiscal. Representam:


  • Apostadores sem proteção contra vício e fraudes

  • Menores de idade com acesso facilitado a jogos

  • Lavagem de dinheiro sem controle

  • Competição desleal contra empresas que seguem as regras

  • Descrédito do próprio sistema regulatório


Enquanto o governo se concentra em aumentar impostos de quem já paga, metade do mercado opera na sombra. É uma estratégia que, além de injusta, é economicamente burra.


O Brasil tem todas as ferramentas para combater o mercado ilegal de apostas: tecnologia, marco legal, órgãos reguladores. O que falta é vontade política para usar essas ferramentas de forma eficiente.


Até que isso aconteça, os números do Sudeste — e das demais regiões — continuarão sendo um retrato vergonhoso da nossa incapacidade de fazer valer as próprias leis.


Fonte: BNL Data. Pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva entre abril e maio de 2025 com 2 mil apostadores adultos.


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© 2025 por Frederico de Azevedo Aranha

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