Aposta certa? Bet365 e Caixa mostram caminhos opostos
- Fred Azevedo
- 2 de jun.
- 3 min de leitura
Atualizado: há 14 horas
Um comparativo financeiro divulgado por Roger Amarante, CFO da S8 Capital, reacendeu o debate sobre os modelos que coexistem hoje no mercado de apostas brasileiro: de um lado, a Bet365 — uma das maiores operadoras privadas do mundo; do outro, as Loterias da Caixa, estatal com histórico consolidado de arrecadação social.
Segundo os dados compartilhados por Amarante em publicação no LinkedIn, ambas movimentaram volumes semelhantes em 2024: R$ 24 bilhões (Bet365) contra R$ 25,9 bilhões (Loterias Caixa).
Ainda assim, os resultados operacionais e os retornos para a sociedade mostram diferenças estruturais profundas — e expõem o desafio da regulação brasileira: transformar volume em valor, eficiência e benefício ao apostador.

Eficiência e retorno: onde mora a diferença
A Bet365, operando globalmente, apresentou lucro líquido de R$ 3,2 bilhões e pagou R$ 800 milhões em impostos no Reino Unido.
O payout (percentual devolvido em prêmios aos apostadores) foi de ~90%, refletindo o foco em retenção de jogadores com base na experiência e competitividade de odds.
Já as Loterias da Caixa, com um volume ligeiramente superior, geraram apenas R$ 70 milhões de lucro líquido e devolveram cerca de 34% em prêmios.
A diferença é brutal: menos prêmios, mais retenção pelo governo e muito menos eficiência na operação.
O número que não mente: payout
Enquanto operadoras privadas ajustam seu payout com base em modelos estatísticos de engajamento e sustentação de receita, a Loteria Estatal brasileira atua como um grande funil fiscalizado: arrecada muito, devolve pouco e absorve o restante via políticas públicas.
É legítimo? Sim.
Mas é eficiente para quem joga? Definitivamente não.
O consumidor já mudou. A estrutura, não.
O principal argumento do comparativo não é atacar modelos públicos ou glorificar plataformas internacionais.
É mostrar que o comportamento de consumo no Brasil já se consolidou — e que o mercado ainda opera com estrutura institucional e tecnológica ultrapassada.
Se o brasileiro já aposta em larga escala (legalmente ou não), a pergunta não é mais se o jogo deve existir. É: como transformar esse hábito em valor para o país, retorno para o jogador e inovação para o setor?
O monopólio não basta
Durante décadas, o monopólio estatal das loterias se justificava como forma de proteção social e garantia de arrecadação.
Hoje, com a abertura do mercado, a comparação fica inevitável — e incômoda.
O modelo da Caixa arrecada como nunca, mas devolve menos que a média mundial (que gira em torno de 55-60%).
A estrutura estatal impõe custos operacionais altos e reduz agilidade em inovação.
A margem de lucro é baixa não por solidariedade, mas por ineficiência sistêmica.
E o setor privado?
A eficiência operacional da Bet365 é inegável, mas também vem com seus próprios desafios:
Boa parte do lucro é repatriado para fora do Brasil.
O foco não é necessariamente no interesse público, mas na retenção e monetização do usuário.
A operação depende de regulação fiscal e técnica para garantir compliance local.
Ainda assim, a comparação mostra que é possível gerar alto retorno ao jogador com sustentabilidade econômica e aporte tributário — desde que haja regras claras, fiscalização e espaço para competir com mérito, não por favorecimento político ou resistência à abertura.
Onde entra a regulamentação da aposta brasileira?
A Lei nº 14.790/2023 estabeleceu bases importantes para o novo mercado de apostas no Brasil. Mas ainda falta:
Um sistema nacional de licenciamento eficiente;
Auditoria permanente das odds, payout e liquidez das plataformas;
Política pública para garantir que parte da arrecadação seja revertida com mais transparência e foco no consumidor final.
O desafio é criar um ambiente regulado competitivo, onde operadoras legais entreguem valor real e onde o modelo estatal não se sustente apenas pelo monopólio — mas por mérito.
Volume já temos. Falta projeto.
O Brasil não precisa inventar o hábito. O brasileiro já aposta, e muito.
O que falta é uma estrutura capaz de canalizar esse comportamento para modelos que:
Protejam o jogador;
Recompensem com eficiência;
Girem com integridade;
E, sim, lucrem — mas com responsabilidade e retorno social real!
Enquanto isso não acontecer, continuaremos vendo comparativos como esse: bilhões circulando, poucos recebendo e o consumidor — que sustenta tudo — saindo com a menor parte.
A regulação já começou. Agora, o jogo é outro.
Este artigo foi elaborado com base na publicação de Roger Amarante, CFO da S8 Capital. Dados financeiros de 2024 comparando Bet365 e Loterias Caixa.
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