Caixa reafirma que terá casa de apostas própria no segundo semestre — mas repete discurso e omite prazos
- Fred Azevedo

- 14 de jul.
- 3 min de leitura
Atualizado: 15 de set.
Fonte: BNLData, com base em entrevista concedida à Folha de S.Paulo
O presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, voltou a afirmar que a entrada da estatal no setor de apostas acontecerá ainda em 2025. Desta vez, o prazo foi empurrado para o segundo semestre — acompanhado de promessas já conhecidas: campanha educativa, monitoramento de comportamento social e a criação de um superaplicativo que reunirá serviços bancários e apostas.
O tom é o mesmo adotado em março, quando Vieira havia garantido ao jornal O Globo que a plataforma seria lançada até junho. Passado o semestre, o banco público mantém a aposta — mas ainda não entrega nenhuma peça concreta do plano.

Superapp da Caixa, propaganda e a “maior fintech do Brasil”
Na entrevista publicada pela Folha, o presidente da Caixa reforça que a estratégia é tecnológica: concentrar serviços e apostas num único aplicativo e transformar a instituição na “maior fintech do país”.
Segundo ele, se a operação for lançada ainda neste ano, a expectativa é movimentar cerca de R$ 2 bilhões já em 2025 — com projeção de R$ 7 bilhões no ano seguinte.
Jogo responsável como slogan
Questionado sobre o papel de um banco público diante do avanço das apostas e do endividamento das famílias, Vieira respondeu com o que virou bordão da indústria: “jogo consciente”.
Segundo ele, a Caixa “vai investir muito na propaganda” e acompanhará o comportamento social dos usuários. Mas não ficou claro o que isso significa. Vai rastrear CPF? Vai cruzar dados bancários com volume de apostas? Vai usar inteligência artificial para filtrar “jogador em risco”? Nenhum detalhe técnico foi revelado.
A Portaria SPA/MF nº 1.231/2024 obriga operadores autorizados a desenvolverem mecanismos de monitoramento de comportamento de risco, mas dentro de limites técnicos e legais, respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados. A Caixa, enquanto operadora estatal, deveria ser a primeira a dar transparência a isso.
Entre a promessa e o marketing
Na prática, a fala do presidente da Caixa é uma peça publicitária. Fala-se em aposta como “segmento de tradição” do banco (que opera loterias desde 1966), mas omite-se que nunca houve operação direta em apostas de quota fixa, muito menos em ambiente digital competitivo.
A ideia do superapp também não é nova. A Caixa já tentou iniciativas semelhantes, como o “Caixa Tem”, que chegou a ser cogitado como ambiente de apostas em 2023 — mas acabou descartado. Agora, volta-se ao discurso de integração como diferencial competitivo.
Mas o que está em jogo é mais sensível: a Caixa poderá oferecer jogos no mesmo app que movimenta o FGTS, o Bolsa Família e linhas de crédito consignado?
Essa mistura de funções públicas e lúdico-comerciais é perigosa, especialmente sem regulação específica.
Reflexão final
A entrevista, ainda que jornalisticamente válida, normaliza o avanço da Caixa sobre o mercado de apostas sem o devido contraditório. Não há questionamento sobre conflito ético, estrutura operacional ou os riscos de uma estatal explorar comercialmente um setor que ela mesma ajuda a regular, financiar e fiscalizar.
O discurso do presidente é limpo, mas pouco transparente. Fala-se em R$ 2 bilhões já no primeiro semestre de operação — mas não se explica como, com que base, nem em qual modalidade. Fala-se em “jogo responsável” — mas sem apresentar nenhuma política pública concreta que vá além de “campanhas educativas”.
A promessa de tornar a Caixa “a maior fintech do Brasil” passa por transformar seu app em uma casa de apostas disfarçada? Se for esse o plano, o jogo está só começando — e os riscos também.
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