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Caixa, ainda sem data para lançar sua bet, já colhe os frutos de um mercado moldado à sua imagem

  • Foto do escritor: Fred Azevedo
    Fred Azevedo
  • 25 de jun.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 25 de set.

Na entrevista ao jornal Valor Econômico publicada hoje, 25 de junho, o presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, foi direto: o banco ainda não sabe se lança sua casa de apostas esportivas em 2025.



A fala pode parecer trivial — mais um adiamento, mais uma incerteza. Mas, sob uma análise crítica, ela revela algo maior: talvez a Caixa nem precise correr.


“Estamos na fase ainda de NDA, estamos estudando essa questão da bet. [...] Ainda não sei se lançamos nossa bet este ano”, afirmou Vieira.

A declaração contrasta com o entusiasmo anterior da própria estatal, que chegou a planejar o lançamento da CaixaBet para abril. Mas o tom agora é outro. E ele é estratégico.


Uma nova lógica de mercado: quando esperar é vencer


Em um setor que vive um vendaval de regulações, aumentos tributários, pressões políticas e insegurança jurídica, o timing da Caixa é revelador.


Enquanto as operadoras privadas enfrentam exigências duras, outorgas milionárias, campanhas fiscalizadas, publicidade restrita e novas alíquotas (como o aumento da GGR de 12% para 18%), a estatal assiste tudo de fora — mas com cadeira cativa.


Carlos Vieira até relativiza a tributação: “A bet pagar 18% é razoável, não inviabiliza o negócio.”


Mas a fala vem de um dirigente cujo banco paga 48% sobre o lucro de suas loterias — e ainda assim opera com folga, canal direto com o Tesouro e o privilégio de ser a única operadora pública com rede lotérica, rede bancária e isenção publicitária.


O que está em jogo (e quem está jogando)


Quando diz que “a grande questão das bets é o payout”, o presidente da Caixa acerta na superfície.


Mas ignora o subsolo: o problema do mercado hoje não é pagar prêmio — é suportar a entrada. Com margens pressionadas por impostos, licenças caras e dificuldade de escalar com segurança jurídica, o setor privado sangra enquanto a Caixa respira.


A nova tributação, aprovada via MP e ainda em debate, torna-se assim um filtro: fica quem tem caixa, escala ou... uma estrutura estatal.


Como já apontamos no artigo “Caixa aposta no setor de ‘bets’, mas entra em campo com vantagem”, a estatal não precisa disputar. Ela já venceu.


Regulação ou curadoria?


O problema aqui não é a Caixa entrar no setor.


É a forma como o setor está sendo configurado. Em vez de uma regulação que organiza, temos uma regulação que seleciona. Cada medida que impõe custos, barreiras e incertezas atua como um curador de mercado — e não como um árbitro.


É um modelo de concentração, não de concorrência.


E é justamente isso que favorece a entrada da Caixa com folga: ela não entra numa corrida. Ela já largou na frente, com menos peso e mais estrutura.



A aposta invisível da Caixa: um superapp, 65% de mercado e nenhuma pressa


O orçamento de TI da Caixa deve atingir R$ 9,5 bilhões em 2025. A estatal está chamando dois mil profissionais de tecnologia e planeja um superapp que unifique Caixa Tem, loterias, serviços sociais e, possivelmente, apostas.


“Queremos recuperar o espaço perdido nesse segmento”, disse Vieira. A meta? Chegar a 65% do mercado.


Essa fala, no contexto atual, deixa de ser aspiração e vira uma profecia autorrealizável.


Porque o modelo de regulação atual — tributação elevada, incerteza legal, pressão sobre marketing e compliance — está empurrando os pequenos para fora, os médios para o cinza e os grandes para o stress financeiro.


Enquanto isso, a Caixa observa. E prepara seu movimento.


Quando não competir já é vencer


Hoje, a estatal já arrecada R$ 25,5 bilhões com loterias. Desse total, 48% são tributos.


A estrutura já está paga, os canais já estão operacionais, a confiança pública já existe. Para a Caixa, operar apostas é só mais uma aba no aplicativo.


A GGR de 18% não assusta. A outorga de R$ 30 milhões não é obstáculo. A fiscalização da SPA não assusta quem já convive com CGU, TCU e auditorias internas.


Enquanto isso, operadoras privadas enfrentam bloqueios de saque, CPI das bets, ações judiciais, campanhas de desinformação e, agora, propostas como a CIDE-Bets (15% sobre os depósitos). Quem sobrevive?


Caixa, ainda sem data para lançar sua bet, já colhe os frutos de um mercado moldado à sua imagem

O risco de um mercado regulado que se autorrestringe


Se o objetivo da regulação é proteger o consumidor, fomentar inovação e ampliar a arrecadação, o modelo atual é um paradoxo. Ele reduz o número de operadores, limita a competição e gera desconfiança entre usuários.


A Caixa pode lançar sua “bet” este ano ou no próximo. Pouco importa. O campo já está preparado para ela — e cada passo da regulação parece reforçar esse gramado favorável.


O mercado regulado brasileiro não será um mercado diverso, competitivo e equilibrado enquanto os pesos forem desiguais. E o papel do Estado não pode ser o de concentrador de oportunidades.



Se as bets são o novo mercado, a Caixa não pode ser o único jogador em campo com bola, apito e juiz no bolso.


Nota editorial

Este artigo integra a cobertura especial do portal Fred Azevedo sobre a consolidação (e concentração) do setor de apostas esportivas no Brasil.


A equipe acompanha a entrada da Caixa no mercado desde os primeiros movimentos, com olhar crítico, técnico e apartidário. Seguiremos analisando, cobrando e explicando — porque regulação séria não se faz com favoritismos.


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