Caixa aposta no setor de “bets”, mas entra em campo com vantagem
- Fred Azevedo
- 25 de jun.
- 3 min de leitura
Atualizado: 26 de jun.
O presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, afirmou que o banco quer deixar para trás a imagem de uma instituição antiga e desconectada da transformação digital. Para isso, está investindo pesado em tecnologia — com orçamento recorde e reforço no time de TI.

“Estamos na fase de chamamento de dois mil funcionários de TI, já devemos ter chamado em torno de 70% desse público, e isso tem ajudado muito nas nossas mudanças tecnológicas”, disse Vieira, em entrevista publicada nesta terça-feira (24) no jornal Valor Econômico.
O orçamento tecnológico da Caixa deve atingir R$ 9,5 bilhões em 2025. O foco agora, segundo Vieira no artigo da BnLData, é a construção de um super aplicativo que reúna todos os serviços da instituição — incluindo o Caixa Tem — com entrega prevista para 2026. A ideia é oferecer ao cliente uma experiência unificada, moderna e mais próxima das plataformas concorrentes.
“Vamos começar a buscar a construção [de um super app] nesse segundo semestre e espero lançar no ano que vem. Queremos ter uma entrada única [...] O grande ano de entregas em termos de tecnologia vai ser 2026.”
CaixaBet: aposta em estudo — mas em campo favorável
Vieira também confirmou que a Caixa pretende utilizar sua experiência no setor lotérico — são quase 60 anos de atuação — para ingressar no mercado de apostas esportivas, as chamadas “bets”. A estreia, porém, pode não acontecer mais em 2025.
“Estamos na fase ainda de NDA, estamos estudando essa questão da bet. [...] Ainda não sei se lançamos nossa bet este ano.”
A iniciativa chegou a ser planejada para o primeiro semestre, mas o aumento recente da alíquota sobre a GGR (gross gaming revenue), de 12% para 18%, somado à complexidade do mercado, levou a instituição a revisar seu cronograma. Mesmo assim, Vieira considera a tributação “razoável”.
“A tributação do banco é de 48%, e nas bets vai sair de 12% para 18% [...] A grande questão das bets é o ‘payout’, ou seja, quanto ela vai pagar de prêmio.”
Regulação ou curadoria? Quando o imposto vira instrumento de exclusão
As declarações de Vieira sobre a viabilidade da tributação ganham peso especial quando inseridas em um contexto mais amplo: o de uma regulamentação que parece moldada não para equilibrar o setor, mas para estreitá-lo. Com a nova alíquota de 18%, somada a encargos como PIS/Cofins, ISS e um possível Imposto Seletivo, a carga total pode ultrapassar 56% em algumas cidades.
Isso não é apenas uma pressão fiscal. É uma barreira de entrada. Como já alertamos no artigo "Terreno pronto para a CaixaBet?", o que se desenha no Brasil não é um monopólio formal, mas uma cartelização velada — onde sobrevivem apenas os grandes operadores internacionais ou, paradoxalmente, o próprio Estado.
A Caixa não precisa correr. Tem escala, canais próprios, isenção publicitária e integração com o sistema bancário. Em um ambiente que sufoca os médios e exclui os pequenos, basta esperar.
Se a regulação foi criada para organizar, o que se vê é um modelo que seleciona. E o critério não é comprometimento com boas práticas ou jogo responsável. É o capital.
Uma disputa desigual desde a largada
Enquanto operadoras privadas enfrentam exigências técnicas rígidas, capital antecipado para pagamento de outorga e margens comprimidas por tributos, a Caixa já opera sob outro regime: não precisa construir marca, abrir mercado ou disputar confiança. Ela já vem pronta — com agência em cada município, rede lotérica estabelecida e histórico institucional validado.
A Lei nº 14.790/2023 garante que qualquer agente autorizado pode atuar no setor de apostas. Mas, na prática, nem todos têm como. O custo de operar legalmente é cada vez mais restritivo. E a promessa de um mercado aberto, plural e competitivo está virando um sistema onde poucos entram, muitos desistem — e alguns simplesmente não precisam competir.
O futuro das “bets” no Brasil pode já ter dono
O cenário que se forma não é o de um mercado em consolidação. É o de um mercado curado — por critérios econômicos, fiscais e operacionais que concentram e limitam. E dentro desse desenho, a futura CaixaBet não precisa ser inovadora. Basta ser inevitável.
No fim, a dúvida não é se haverá concorrência.
É quem será autorizado a concorrer.
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