Quem cria as leis não conhece o jogo: o episódio na CPI das apostas
- Michelle Nunes
- 14 de mai.
- 2 min de leitura
Atualizado: há 3 dias
Senadores pedem gameplay ao vivo de Fortune Tiger durante a CPI das Apostas — e escancaram despreparo técnico sobre o tema que estão julgando.
Na manhã desta quarta-feira (14), o influenciador Rico Melquiades foi ouvido pela CPI das Apostas, no Senado Federal. Investigado por promover plataformas não licenciadas, ele compareceu na condição de testemunha.
Durante a audiência, parlamentares pediram que ele demonstrasse o funcionamento do chamado “jogo do tigrinho”, hoje amplamente associado à divulgação de sites de jogos online por influenciadores.
Rico abriu o celular. Jogou. Ganhou R$ 120 em poucos segundos.
A relatora Soraya Thronicke (Podemos-MS) insistiu para que ele girasse de novo. Ele se recusou:
“Aí eu estou induzindo o pessoal a estar jogando. Gente, eu fiz o ganho e não quero mais jogar.”
O jogo era Fortune Tiger, da PG Soft — o slot mais promovido por influenciadores no Brasil e, provavelmente, o mais mencionado em denúncias sobre publicidade inadequada, principalmente em redes sociais.
O Senado não reconheceu o que tinha nas mãos
A cena, por si só, já seria questionável: uma audiência pública se transformando em gameplay ao vivo.
Mas o que torna o episódio mais grave é a aparente ignorância sobre isso por parte dos parlamentares.
Fortune Tiger não é qualquer jogo. Ele está no centro do debate. É o título mais citado em conteúdos com suposto saldo fictício, vídeos sem aviso de risco, e campanhas promovidas por influenciadores com milhões de seguidores.
Ou seja: é um dos objetos diretos da CPI. E mesmo assim, foi tratado como uma curiosidade qualquer, sem contexto, sem análise, sem preparo.
Não dá pra regular na CPI das Apostas o que não se entende
O Brasil tenta, neste momento, construir uma regulação para o mercado de iGaming.
O setor movimenta bilhões, envolve operadoras, afiliados, influenciadores, métodos de pagamento e plataformas do mundo todo.
Mas enquanto os senadores pedem para “ver o joguinho”, o básico segue ausente:
Nenhuma explicação técnica sobre o funcionamento do slot;
Nenhuma análise da comunicação que levou à sua popularização;
Nenhuma menção à estética, à frequência de exibição ou ao modelo de distribuição.
Eles não sabiam o que estavam vendo. E mesmo assim estão escrevendo as regras.
Considerações finais — o erro está na origem
A CPI nasceu para investigar a forma como os jogos estão sendo promovidos no Brasil — mas nesta quarta-feira, escancarou o próprio despreparo diante do que deveria conhecer.
O Senado não pode continuar legislando por reação.É preciso entender o jogo. Não para jogá-lo — mas para julgá-lo com responsabilidade.
Se Fortune Tiger virou o símbolo do problema, o que vimos hoje foi o símbolo do descaso.
Porque não é só que quem legisla não joga — é que quem cria as leis ainda não sabe nem do que se trata o jogo.
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