Drex e a nova "era do controle"
- Fred Azevedo

- 12 de mai.
- 4 min de leitura
Atualizado: 28 de set.
O que está por vir para apostas, cassinos e o dinheiro “livre”
O real digital será lançado como opção. Mas seu uso pode se tornar padrão, reconfigurando silenciosamente o mercado de apostas e sufocando o que hoje vive fora do sistema.
O Drex, moeda digital do Banco Central, deve começar a circular em 2025. Oficialmente, será uma opção a mais no sistema financeiro — complementar ao real, ao Pix, ao TED.
Não é obrigatório. Não substituirá o dinheiro físico. Pelo menos, não no início.
Mas, para quem acompanha o mercado de apostas e os bastidores do compliance bancário, o Drex não é apenas uma ferramenta técnica. É uma guinada de poder.
A tese é simples:
O Drex será opcional no discurso, mas inevitável na prática — e sua entrada colocará em xeque toda forma de operação fora do circuito regulado.

O que é o Drex
O Drex é a versão digital do real.
Emitido, centralizado e rastreado pelo Banco Central, será operado por instituições financeiras autorizadas. Diferente das criptomoedas públicas como o Bitcoin, o Drex não é descentralizado.
Ele funciona dentro do arranjo legal do sistema financeiro nacional.
Na prática, será um Pix com memória permanente, rastreamento completo e programabilidade total.
“O Drex não vem pra competir com o Pix. Vem pra controlar o que o Pix não consegue.”— diz um executivo de uma das instituições participantes do piloto.
Três camadas de impacto
O Drex muda a lógica do dinheiro em três frentes:
Rastreabilidade total: cada transação pode ser auditada, vinculada a CPF/CNPJ e armazenada com carimbo de hora, local e finalidade.
Programabilidade do valor: pagamentos com vencimento automático, uso limitado por setor ou por política pública.
Integração com políticas de Estado: benefícios, subsídios, premiações e restrições poderão ser executadas direto na “moeda”.
Esse pacote afeta diretamente os setores mais vulneráveis à informalidade — como o mercado de apostas.
Apostas, cassinos e Drex: colisão anunciada
Hoje, o setor opera em três frentes:
Casas licenciadas, com outorga e integração bancária;
Plataformas cinzentas, com sede fora do país e uso de PSPs nacionais;
Cassinos cripto, que rodam fora de qualquer regra, em blockchain puro.
O Drex não atinge esses últimos com imposição. Mas com exclusão.
À medida que a moeda digital se tornar requisito para operações com bancos, processadoras e fiscalizações automatizadas, quem estiver fora será naturalmente isolado do sistema.
“Mas o Drex não é obrigatório”
Não. Mas a história é clara:
O Pix também não era obrigatório. Hoje é padrão.
Nota Fiscal Eletrônica começou como opcional. Hoje é exigida.
O SPED fiscal foi adesão voluntária. Hoje, é lei.
No Brasil, nada vira obrigatório da noite pro dia. Vira obrigatório porque “não tem mais como funcionar fora.”
Cripto vai resistir?
Hoje, stablecoins (como USDT e USDC) são padrão no setor paralelo.
Mas com o Drex, o Estado terá:
Uma opção pública para disputar liquidez;
A força legal para exigir uso em contratos regulados;
E a capacidade técnica de rastrear fluxo como nunca antes.
Casas licenciadas poderão ser “incentivadas” a pagar prêmios em Drex. Não por decreto. Mas por exigência contratual dos bancos.
Quem vai bater de frente?
A resistência virá de quem tem algo a perder com rastreamento:
Plataformas baseadas em paraíso fiscal;
Intermediadores de liquidez informal;
Cassinos cripto que vivem da ausência de auditoria;
E até casas licenciadas que preferem manter parte da operação “flexível”.
Mas com Drex, o custo da informalidade aumenta. Porque ficar fora do sistema significará não poder operar dentro dele.
O que já está em curso
O Drex é só a peça mais visível de um tabuleiro que já está se movendo:
A SPA endureceu sobre os meios de pagamento;
A Febraban assumiu protagonismo na agenda do compliance;
Bancos passaram a bloquear contas sob pretexto de “análise de risco”;
Fintechs estão sendo substituídas por estruturas bancárias formais.
O Drex será a peça final dessa arquitetura de controle.
E os cassinos, vão aceitar?
Hoje, não há obrigação legal. Mas amanhã?
Imagine:
O Banco exige que prêmios acima de R$ 5.000,00 sejam pagos em Drex;
A SPA determina que casas licenciadas prestem contas sobre a origem dos depósitos;
A Receita passa a cruzar Drex com declarações de IRPF;
Quem não aceitar Drex pode não fechar contrato. Não operar Pix. Não receber outorga.
E tudo isso sem uma única nova lei — só com portarias, ofícios e exigências administrativas.
Considerações finais
O Drex será vendido como inovação. E, de fato, de certa forma, será.
Mas também será um filtro:
Para separar quem joga limpo de quem opera no escuro;
Para eliminar zonas cinzentas;
E para consolidar uma estrutura onde só circula quem aceita ser rastreado.
Para o operador regulado, pode ser um avanço.
Para quem depende da informalidade, será um desafio.
E para o consumidor? Vai restar escolher:
Um mercado com controle — e proteção;
Ou um mercado “livre” — e vulnerável.
Porque no final, o Drex não precisa ser obrigatório para mudar tudo. Basta ser adotado por quem manda.
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