Google libera apps de apostas na Play Store no Brasil, mas só para quem for licenciado
- Fred Azevedo

- 18 de jun.
- 4 min de leitura
Atualizado: 23 de jun.
Big tech altera política e passa a exigir licença oficial para anúncios e distribuição de apps de bets. Medida pode ajudar no combate às plataformas piratas — mas depende da eficácia do filtro regulatório.
A partir do dia 18 de junho, os operadores de apostas online online poderão, finalmente, disponibilizar seus aplicativos diretamente na loja oficial da Google Play no Brasil — desde que cumpram uma série de critérios rígidos de certificação, com foco na comprovação de licenciamento oficial junto às autoridades brasileiras.
A mudança, anunciada via e-mail institucional aos anunciantes do Google Ads, marca um avanço importante na consolidação do ecossistema regulado de apostas no Brasil.
Pela primeira vez, a loja da gigante da tecnologia passará a aceitar apps de loterias, corridas de cavalos, fantasy games diários e apostas esportivas de quota fixa.
O que o Google está exigindo?
Segundo o comunicado, os operadores que desejarem anunciar ou disponibilizar apps deverão apresentar:
Licença válida emitida por autoridade brasileira competente (SPA/MF);
Link funcional e visível no site oficial da operadora, redirecionando o usuário para a página do app na Play Store;
Formulário detalhado de inscrição no processo de certificação do Google.
Qualquer app que não cumprir integralmente essas exigências será automaticamente rejeitado. A verificação é feita por meio do domínio registrado, do conteúdo do app e da consistência entre o que é anunciado e o que é entregue ao usuário.

Por que isso importa?
Até agora, as plataformas de apostas que operam legalmente no Brasil enfrentavam um paradoxo: eram autorizadas, mas não podiam estar visíveis nas principais lojas de aplicativos — Google e Apple — que, por política interna, vetavam a distribuição de apps ligados a jogos de azar sem licença local.
Essa ausência de apps nas lojas oficiais criou um vácuo de acesso.
Enquanto isso, casas não licenciadas — hospedadas fora do país e sem transparência — continuavam promovendo links via redes sociais, influenciadores e campanhas de afiliados, muitas vezes com aparência profissional e credibilidade artificial.
Combater o pirata por dentro do sistema
A decisão do Google também vem após pressão de entidades do setor junto à Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda.
A argumentação apresentada foi pragmática: liberar o app apenas para operadores licenciados cria uma ferramenta adicional para reduzir o alcance dos ilegais, que não terão como atender às exigências mínimas da certificação.
Com isso, as big techs — até então neutras no debate regulatório — começam a se posicionar como agentes ativos de conformidade.
Ao condicionar o uso de seus sistemas de anúncios à obtenção de licença oficial, o Google ajuda a empurrar o mercado para a legalidade — e impõe uma barreira técnica que dificulta o uso da plataforma por empresas piratas.
Limites e desafios: a responsabilidade das plataformas
A mudança, embora positiva, ainda está longe de ser uma solução definitiva. O Google continua permitindo, por exemplo, que sites ilegais comprem tráfego por meio de redirecionamentos, redes de afiliados ou anúncios travestidos de conteúdo editorial.
Além disso, o controle real sobre os anúncios pagos (Google Ads) ainda depende de inteligência algorítmica, denúncia proativa e, principalmente, integração com a lista de operadoras autorizadas pela SPA.
Até o momento, essa base de dados não é pública nem atualizada em tempo real, o que dificulta a verificação automatizada.
A Apple, por sua vez, ainda não anunciou mudança equivalente para a App Store brasileira. No modelo atual, a loja permite apps de apostas em alguns países (como Reino Unido, Itália e EUA), mas ainda não atualizou sua política para o Brasil pós-Lei nº 14.790/2023.
Impacto sobre o consumidor: mais segurança, mais clareza
Para o jogador comum, a presença do app na loja oficial tem um efeito imediato: confiança. O consumidor médio associa a Play Store a um ambiente seguro, livre de malwares, com atualizações automáticas, suporte e canais de denúncia.
Além disso, a visibilidade do aplicativo dentro de uma loja confiável reduz a necessidade de buscar links externos, evita instalações manuais de arquivos suspeitos e diminui a exposição a golpes.
Ao canalizar o acesso para dentro das plataformas verificadas, o Google contribui para um ambiente de apostas mais transparente, monitorado e, principalmente, passível de regulação fiscal e comportamental.
O papel do Google — e o que ainda falta ao Estado
Embora seja uma medida voluntária, a mudança de política do Google reforça um ponto essencial que o Portal Fred Azevedo tem defendido desde o início: as big techs também são corresponsáveis pela integridade do mercado regulado.
Mas isso não exime o Estado de agir. O governo brasileiro ainda precisa:
Criar um sistema de API para que plataformas possam verificar licenciamento em tempo real;
Integrar o sistema de certificação de apps à base de dados da SPA;
Firmar convênios com big techs para combate a pirataria e publicidade enganosa;
Estabelecer sanções administrativas e legais para quem desrespeitar os parâmetros.
Sem essas ações, a política do Google corre o risco de virar exceção de compliance — em vez de regra de mercado.
Conclusão: uma mudança que acerta — e aponta o que falta
A liberação dos apps de apostas na Play Store, com exigência de licença oficial, é um avanço real.
Ela aproxima o setor regulado da infraestrutura digital que o público já confia e ajuda a consolidar a imagem de que apostar legalmente é, também, apostar com segurança.
Mas essa iniciativa só produzirá seus efeitos plenos se vier acompanhada de um plano estatal de combate à pirataria, uma política clara de responsabilização das plataformas e um esforço institucional para criar canais técnicos de verificação — que evitem que a legalidade continue sendo punida pela burocracia e o ilegal premiado pela conveniência.
A era da regulação digital exige mais do que leis. Exige tecnologia, articulação e presença inteligente. O Google fez sua parte. Agora é a vez do Brasil.
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