Haddad diz que bets que "geram poucos empregos" mas esquece dos R$ 3 bilhões já arrecadados em 2025
- Fred Azevedo
- 9 de jul.
- 4 min de leitura
Atualizado: 11 de jul.
Fernando Haddad voltou a atacar as casas de apostas online, alegando que "ganham uma fortuna no Brasil e geram poucos empregos" em entrevista ao Metrópoles.
O ministro da Fazenda defende aumentar impostos do setor de 12% para 18% sobre a receita líquida.
Mas a fala de Haddad convenientemente ignora alguns números inconvenientes: as bets já arrecadaram R$ 3 bilhões nos primeiros cinco meses de 2025, superando setores tradicionais da economia.
E isso com alíquota de 12%, não os 18% que ele quer implementar em outubro.
A retórica do ministro sugere que o governo vê o setor apenas como fonte de arrecadação a ser maximizada, não como atividade econômica legítima que precisa ser sustentável.
O que Haddad disse e por que é problemático
"Os caras estão ganhando uma fortuna no Brasil, gerando muito pouco emprego, mandando para fora o dinheiro arrecadado aqui", declarou o ministro. A frase revela visão distorcida sobre como funciona o setor regulamentado.
Primeiro: Bets licenciadas já pagam impostos desde janeiro de 2025, além de taxas de outorga de R$ 30 milhões. Não são "Santas Casas" como alega.
Segundo: Geração de empregos em tech e serviços digitais não segue padrão industrial tradicional que Haddad parece esperar. É como criticar Google por não ter fábrica com milhares de operários.
Terceiro: "Mandar dinheiro para fora" ignora que empresas internacionais trouxeram capital, tecnologia e expertise para cá — exatamente o que país precisa em setores emergentes.
Os números que Haddad não menciona
Quando Haddad diz que bets "geram poucos empregos", esquece de contextualizar o que o setor realmente representa:
R$ 3 bilhões arrecadados nos primeiros cinco meses de 2025 — mais que setores tradicionais inteiros da economia.
Só em maio: R$ 814 milhões em impostos federais, valor que supera arrecadação de educação, indústria de máquinas e comércio varejista.
Aumento de 40.000% comparado ao mesmo período de 2024, mostrando que regulamentação funcionou para trazer atividade para formalidade.
R$ 90 bilhões movimentados pelos apostadores brasileiros nos três primeiros meses de 2025 — economia que antes operava sem nenhum controle estatal.
Esses números sugerem que o setor está cumprindo exatamente o que regulamentação pretendia: trazer transparência e arrecadação para atividade que sempre existiu.
Quando arrecadação vira vício
Por que Haddad quer aumentar impostos de setor que já está pagando bilhões?
Facilidade de arrecadação: Bets são rastreáveis digitalmente, não podem sonegar como outros setores. É fonte garantida de receita.
Pressure fiscal: Governo precisa de dinheiro e setor em crescimento é alvo fácil para aumento de impostos.
Moralismo fiscal: Atacar "jogos" é politicamente palatável, mesmo quando dados mostram sucesso da regulamentação.
Desconhecimento do setor: Visão antiquada que compara economia digital com indústria tradicional intensiva em mão de obra.
Maximização de curto prazo: Foco em arrecadar mais agora, sem considerar sustentabilidade do setor no longo prazo.
Base legal: o que aconteceu na tramitação
Haddad reclama que Congresso reduziu alíquota de 18% para 12%, como se parlamentares tivessem traído interesse nacional. Mas essa redução teve razões técnicas:
Competitividade internacional: Brasil já tem uma das maiores cargas tributárias do setor globalmente.
Sustentabilidade do mercado: Alíquotas confiscatórias podem inviabilizar operação formal, empurrando atividade para informalidade.
Comparação com outros países: Mercados maduros operam com alíquotas entre 15-25% sobre lucros, não sobre receita bruta como Brasil.
Avaliação de impacto: Parlamentares consideraram que 18% poderia matar setor antes de amadurecer.
A contradição da retórica oficial
Haddad critica governo anterior por "não cobrar um real" das bets, mas esquece que:
Não havia marco legal: Como cobrar impostos de atividade não regulamentada? Era o próprio PT que criticava "bets selvagens" operando sem regras.
Regulamentação demorou: Lei de 2023 só foi regulamentada em 2024, implementada em 2025. Processo natural de qualquer marco regulatório complexo.
Arrecadação explosiva: Assim que regulamentação entrou em vigor, arrecadação saltou de milhões para bilhões. Sistema funcionou exatamente como planejado.
Crítica política: Usar bets para atacar Bolsonaro é oportunismo político que ignora cronologia real dos fatos.
O risco da ganância fiscal
Aumentar impostos de 12% para 18% pode gerar efeito contrário ao desejado:
Fuga para informalidade: Operadores podem deixar mercado legal se ficou insustentável.
Redução da base tributável: Menos empresas formais significa menos arrecadação total, não mais.
Perda de investimentos: Capital internacional pode migrar para mercados com tributação mais racional.
Volta ao passado: Risco de retornar à situação pré-regulamentação, com bets operando sem controle.
Considerações finais: o ministro da Fazenda não entende de economia digital
A fala de Haddad revela desconexão preocupante entre governo e realidade da economia digital. Esperar que bets gerem empregos como montadora de carros mostra incompreensão sobre como setor tech funciona.
Geração de valor em economia digital não se mede apenas por empregos diretos, mas por ecossistema de fornecedores, parceiros, afiliados, criadores de conteúdo e serviços auxiliares.
Arrecadação bilionária em poucos meses de operação formal deveria ser celebrada como sucesso regulatório, não atacada como insuficiente.
Comparação internacional mostra que Brasil já tem tributação pesada para setor. Aumentar mais pode ser tiro no pé.
Para apostadores, aumento de impostos significa odds piores, promoções menores e experiência degradada — exatamente o que empurra pessoas para bets ilegais.
Haddad parece ver bets apenas como vaca leiteira fiscal, não como setor econômico que precisa de sustentabilidade para continuar gerando a arrecadação que ele tanto valoriza.
No final das contas, ministro que reclama de setor que já arrecadou R$ 3 bilhões em cinco meses talvez devesse explicar por que outros setores tradicionais não conseguem gerar nem fração dessa receita para os cofres públicos.
A ganância fiscal pode matar a galinha dos ovos de ouro que a própria regulamentação criou.
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