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Indiciem as estrelas, poupem o sistema: o teatro final da CPI das Bets

  • Foto do escritor: Fred Azevedo
    Fred Azevedo
  • 10 de jun.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 28 de set.


Comissão recomenda 16 indiciamentos — incluindo Virginia e Deolane — e encerra os trabalhos como começou: mirando no brilho e ignorando a engrenagem



O que começou como uma investigação sobre lavagem de dinheiro termina como palanque para manchetes de celebridade. Na manhã de 10 de junho, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) apresentou o relatório final da CPI das Bets.


O documento — que ainda será votado — propõe o indiciamento de 16 pessoas, entre elas as influenciadoras Virginia Fonseca e Deolane Bezerra, além de empresários e operadores ligados a casas de apostas e empresas de pagamentos.


É o clímax anunciado de um enredo que o Portal Fred Azevedo vem denunciando há meses: uma comissão que optou pelo espetáculo, não pela estrutura. Pela manchete, não pelo sistema.


Indiciem as estrelas, poupem o sistema: o teatro final da CPI das Bets
Indiciem as estrelas, poupem o sistema: o teatro final da CPI das Bets

O marketing virou crime. E o sistema, figurante


Os nomes no topo da lista têm algo em comum: são figuras públicas com alto engajamento digital. São alvos perfeitos para uma CPI que, desde o início, se alimentou da lógica do engajamento moralizante.


Virginia é acusada de simular ganhos irreais. Deolane, de ser sócia oculta da casa ZeroUm. Ambas promovem apostas — o que, por si só, não configura crime. Mas foram enquadradas por publicidade enganosa, estelionato, e no caso de Deolane, até organização criminosa.


A questão é: onde estão os operadores que facilitaram isso? Onde estão os responsáveis técnicos, jurídicos e financeiros pelas casas promovidas?


Por que a CPI nunca convocou os donos da infraestrutura?



A lista completa dos indiciados: o foco no influenciador, não no operador


Abaixo, os nomes incluídos no relatório, com os respectivos (supostos) crimes apontados:

Nome

Acusação Principal

Crimes Sugeridos

Virginia Fonseca

Publicidade enganosa em vídeos de apostas

Publicidade enganosa, estelionato

Deolane Bezerra

Sócia oculta da ZeroUm

Jogo de azar, estelionato, lavagem de dinheiro, organização criminosa

Ana Beatriz Scipiao

Gestão da ZeroUm

Idênticos aos de Deolane

Jair Machado Junior

Operador da ZeroUm

Idênticos aos de Deolane

José Daniel Saturino

Operador da ZeroUm

Idênticos aos de Deolane

Leila Pardim Lima

Parente e sócia ligada à ZeroUm

Idênticos aos de Deolane + associação criminosa

Marcella Ferraz

Ligada à ZeroUm

Idênticos aos de Deolane

Daniel Pardim

Envolvimento com máfia chinesa

Falso testemunho, lavagem de dinheiro, organização criminosa

Adélia Soares

Operação de pagamento para sites ilegais

Lavagem de dinheiro, organização criminosa

Pâmela Drudi

Promoção de apostas com ganhos simulados

Publicidade enganosa, estelionato

Erlan Oliveira

Estrutura da 7Games

Lavagem de dinheiro, associação criminosa

Fernando Oliveira Lima

Idem

Idem

Toni Macedo Rodrigues

Idem

Idem

Marcus Vinicius Freire de Lima e Silva

Estrutura oculta de apostas e evasão

Lavagem de dinheiro, corrupção ativa, sonegação fiscal, tráfico de influência, etc.

Jorge Barbosa Dias

Dono da MarjoSports

Lavagem de dinheiro, sonegação, jogos ilegais

Bruno Viana Rodrigues

Sócio da Brax Produção

Lavagem de dinheiro, jogos ilegais

Além disso, a empresa Paybrokers foi citada como alvo de investigação por atuar como intermediadora de transações financeiras entre casas ilegais e o exterior.


Os nomes certos — pelas razões erradas


A CPI acertou ao mirar em estruturas como MarjoSports, 7Games e Paybrokers. Mas errou ao não aprofundar o caminho do dinheiro.


O relatório não oferece análise técnica de como funcionam as triangulações via carteiras digitais, as redes de afiliados internacionais ou as estruturas de distribuição de saldo promocional.


Ou seja: houve esforço para apontar culpados visíveis, mas nenhum interesse real em desmantelar a lógica sistêmica.



Propostas legislativas: entre o necessário e o populismo


O relatório apresenta 19 sugestões legislativas. Algumas são positivas — como a proibição de cláusulas que premiam o influenciador por perdas dos jogadores.


Outras são questionáveis — como restringir apostas apenas a horários específicos (das 19h às 3h), ignorando que o vício em jogos não respeita o relógio.


As propostas tratam de:

  • Criminalização da publicidade abusiva de apostas;

  • Proibição de dedução fiscal para gastos com marketing;

  • Proibição de apostas por pessoas do CadÚnico;

  • Transparência em contratos publicitários com influenciadores.


Mas essas medidas precisam ser lapidadas com critério técnico. Do contrário, viram mais um sintoma do moralismo regulatório que não enxerga o mercado como um sistema, mas como um vilão estético.


Considerações finais: a CPI que termina como começou


A CPI das Bets será encerrada nos próximos dias. Seu relatório irá ao Ministério Público. Mas, a esta altura, o estrago institucional já está feito: perdeu-se a chance de educar, fiscalizar e propor com base em dados e estrutura.


Os grandes operadores seguem de pé. O mercado segue opaco.


O problema segue intocado. E as celebridades seguem sob os holofotes, como símbolos de um crime que, muitas vezes, foi permitido — ou estimulado — por dentro.


O Portal Fred Azevedo seguirá fazendo o que a CPI não fez: conectar os pontos, acompanhar os fluxos e defender o jogador comum com responsabilidade e profundidade técnica.


Nota editorial


Este artigo tem caráter jornalístico e analítico. Seu conteúdo busca refletir sobre os efeitos práticos do atual modelo de regulamentação das apostas no Brasil, com base em dados públicos, projeções setoriais e comparações técnicas amplamente divulgadas.


Não se fazem aqui acusações diretas a pessoas físicas ou jurídicas, tampouco se questiona a legalidade de operações autorizadas por lei. As menções ao governotêm propósito exclusivamente editorial.


Nosso compromisso permanece com a apuração responsável, a defesa do consumidor e o estímulo a um mercado regulado que seja competitivo, eficiente e justo — para o país, para os operadores e, principalmente, para quem joga dentro das regras.


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