Jon Vlogs pode ser preso? Entenda o que está em jogo
- Fred Azevedo
- 28 de mai.
- 4 min de leitura
Atualizado: 10 de jun.
A ausência de Jon Vlogs à sessão da CPI das Bets nesta semana levantou uma dúvida que se espalhou como rastilho de pólvora nas redes sociais: ele pode ser preso?
A pergunta, apesar de simples, esconde uma série de camadas jurídicas, institucionais e simbólicas.
Para entender o que está em jogo, é preciso separar o ruído da CPI, o papel do Senado, os limites da investigação e, claro, o impacto real da conduta do influenciador.
E também olhar para o histórico.
O Portal Fred Azevedo já publicou matérias aprofundadas sobre o envolvimento de Jon Vlogs com o mercado de apostas. Desde sua trajetória como garoto-propaganda da Blaze até a criação da Jon.Bet, sua própria plataforma de apostas, o influenciador já protagonizou um capítulo inteiro da CPI das Apostas.
Para quem deseja entender o contexto completo, recomendamos a leitura de: Jon Vlogs na CPI das Bets e Jon Vlogs falta à CPI das Bets.
CPI não é tribunal
Primeiro, é fundamental lembrar: a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) não é um órgão do Judiciário.
Ela é um instrumento de fiscalização do Poder Legislativo, criado para investigar fatos determinados e propor encaminhamentos ao Ministério Público, órgãos de controle ou polícias.
Ou seja, a CPI não pode condenar, julgar ou prender alguém por conta própria.
Seu papel é reunir informações, colher depoimentos, produzir relatórios e sugerir medidas.
Mas isso não significa que seja inofensiva.
A convocação de Jon Vlogs
Jon Vlogs, nome artístico de Luan Kovarik, foi convocado como investigado pela CPI das Apostas, após requerimento da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS).
A justificativa da convocação: seu envolvimento direto com a plataforma Jon.Bet, além da participação em campanhas massivas de divulgação da Blaze.
A CPI apura se Jon atuou como sócio oculto da Blaze, se sua plataforma (Jon.Bet) tem estrutura legal compatível com as regras brasileiras e se os influenciadores estão operando como agenciadores ou promotores de jogos sem licença.
Na data marcada, Jon não compareceu.
Nem justificou sua ausência de forma pública. A comissão reagiu com um pedido de condução coercitiva — ou seja, que ele seja levado sob ordem judicial para depor.
Mas ele pode ser preso por isso?
Não. Faltar à CPI, mesmo na condição de investigado, não configura crime automaticamente.
O que pode ocorrer é o Senado solicitar à Justiça a autorização para conduzi-lo coercitivamente. E mesmo essa medida está sujeita a limites.
A condução coercitiva, após decisão do Supremo Tribunal Federal, só pode ocorrer se a pessoa tiver sido previamente intimada e se recusar a comparecer sem apresentar justificativa.
Não comparecer não é motivo para prisão. Mas há exceções.

Quando uma CPI pode levar à prisão
Embora a CPI não tenha poder de decretar prisão preventiva ou condenatória, ela pode prender em flagrante por crime cometido durante o depoimento.
Isso inclui:
Mentir deliberadamente sob juramento;
Obstruir os trabalhos da comissão;
Desrespeitar a ordem da mesa ou desacatar parlamentares.
Na prática, isso significa que se Jon comparecesse à CPI e mentisse sabidamente, poderia ser preso em flagrante.
Por isso, não ir à CPI pode ser uma estratégia de contenção. Até porque, como investigado, ele não é obrigado a produzir provas contra si mesmo.
Pode ficar em silêncio. Pode responder apenas com apoio de advogado. Pode, inclusive, se recusar a responder perguntas comprometedoras.
Mas mesmo assim, o simples ato de se ausentar abre caminho para pressão pública, pedido de condução e, eventualmente, judicialização do caso.
Jon Vlogs responde a algum processo criminal?
Até o momento da publicação deste texto, Jon Vlogs não responde a nenhum processo criminal público relacionado à CPI das Apostas.
Mas ele é citado em vários requerimentos e é investigado por suposta participação direta em operação de casas de apostas que não possuem licença no Brasil.
Além disso, a Jon.Bet está sendo analisada pela equipe técnica da CPI, que tenta identificar estrutura societária, origem dos servidores, beneficiários financeiros e eventuais fraudes fiscais.
Se houver indícios de crime, a CPI pode encaminhar o caso ao Ministério Público, que decide se apresenta denúncia ou instaura inquérito.
Prisão e bets: o caso Doutora Deolane
A influenciadora e advogada Doutora Deolane Bezerra foi presa em 2024, durante a Operação Integration, da Polícia Civil de Pernambuco.
Ela foi detida ao lado de outras 18 pessoas, suspeita de envolvimento com operações de apostas ilegais, lavagem de dinheiro e ocultamento de bens.
A prisão foi temporária, durou cinco dias, e ganhou enorme destaque na mídia.
A justificativa legal foi baseada em documentos obtidos durante investigações bancárias, mas a forma como foi feita escancarou a necessidade do sistema de entregar um rosto conhecido como resposta à pressão pública.
Doutora Deolane virou manchete nacional. Os operadores reais por trás da Esportes da Sorte, não.
A jurisprudência da reputação
Jon Vlogs está em posição semelhante.
Ele é jovem, tem mais de 16 milhões de seguidores, fala com o público popular e carrega uma narrativa de ostentação digital.
Tudo isso o torna um alvo perfeito para resposta simbólica do sistema.
Se o Estado decidir que precisa de um nome de peso para mostrar que está agindo, a ausência dele na CPI pode ser o estopim.
Mesmo que juridicamente ele não tenha cometido crime, a opinião pública já o julga.
A guerra entre influenciadores e instituições
O caso de Jon também reflete um embate maior: a disputa de narrativa entre o Brasil institucional e o Brasil das redes.
Enquanto o Senado busca poder simbólico, influenciadores dominam audiências e modelam percepções com poucos stories.
A ausência de Jon na CPI pode ser lida como afronta. Ou como estratégia.
Mas também pode ser o que sempre foi: um gesto de autodefesa contra um sistema que já escolheu quem precisa cair.
Considerações finais: pode ser preso? Juridicamente, não. Politicamente, talvez.
A prisão de Jon Vlogs não é iminente. E tecnicamente, não há base legal para isso apenas por sua ausência na CPI.
Mas o processo político que se arma ao redor dele é mais perigoso do que o jurídico. Ele não precisa cometer crime para ser acusado.
Não precisa ser condenado para ser execrado. Basta o sistema decidir que é ele quem vai pagar a conta da crise.
E isso já aconteceu antes.
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