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Juros do rotativo disparam para 449,9% ao ano. Mas “quem te rouba é o cassino”

  • Foto do escritor: Fred Azevedo
    Fred Azevedo
  • 27 de jun.
  • 3 min de leitura

Atualizado: há 35 minutos


Enquanto parte da opinião pública mira sua indignação no setor de apostas — taxado por muitos como símbolo da desordem financeira moderna —, os bancos seguem operando com taxas de juros dignas de agiotagem legalizada.


Segundo o Banco Central, os juros do cartão de crédito rotativo chegaram a impressionantes 449,9% ao ano em maio, uma alta de 5,7 pontos percentuais em relação a abril.


O dado foi divulgado nesta sexta-feira no relatório oficial de Estatísticas Monetárias e de Crédito do próprio BC. Não se trata de estimativa, nem de interpretação. É número cru. Realidade formal.


Quatrocentos e quarenta e nove vírgula nove por cento ao ano. E tem gente que ainda acredita que está sendo “roubado” porque perdeu um múltiplo no escanteio do Sub-20.


Juros do rotativo disparam para 449,9% ao ano. Mas “quem te rouba é o cassino”
Juros do rotativo disparam para 449,9% ao ano. Mas “quem te rouba é o cassino”

O rotativo que não gira, mas te afunda


O rotativo é aquele “socorro” automático que entra quando o cliente não paga a fatura integral do cartão até a data de vencimento. A promessa é simples: dar um fôlego.


A realidade é cruel: empurrar o cliente para uma espiral de juros que dobra, triplica, quintuplica a dívida em meses.


Segundo as regras atuais, o banco tem até 30 dias para forçar um parcelamento da dívida rotativa ou oferecer uma alternativa “mais vantajosa”. A ironia? A “vantagem” oferecida costuma ser um parcelamento a 180% ao ano. Que generosos.


Aliás, esse é outro número que cresceu. A taxa de juros para quem parcela a fatura do cartão subiu 2,4 pontos e chegou a 181% ao ano.


Juntos, rotativo e parcelado formam um combo explosivo. A taxa total de juros do cartão, considerando todos os componentes, subiu de 86,7% para 90,1% em maio. Tudo isso com o aval do sistema, da regulação e da narrativa pública de que “é assim mesmo”.



Mas e o cassino?


Diante de números como esses, vale fazer a pergunta incômoda: por que o discurso moralista tem alvo tão seletivo? 


Por que o jogador que apostou R$ 20 no resultado de um jogo é visto como descontrole financeiro, enquanto quem está pagando 449% ao ano no cartão é só “um consumidor comum com dificuldades”? Por que há pressão institucional contra as bets — e silêncio conivente sobre os juros abusivos?


Não é uma defesa cega das apostas. É só um lembrete: o cassino que mais lucra no Brasil não tem bônus de boas-vindas, não faz live com influenciador e não precisa de QR Code. Ele vem no envelope do seu banco.


Cheque especial também abocanha


A segunda modalidade de crédito mais cara do país, o cheque especial, registrou pequena queda nas taxas, mas continua com juros de 134,7% ao ano.


Isso depois de uma suposta reforma regulatória para “proteger o consumidor”. Ainda é o tipo de crédito que pune com severidade os atrasos pontuais, pequenas emergências e desequilíbrios mensais.



Consignado: a exceção da regra


Por outro lado, o crédito consignado — aquele descontado direto na folha de pagamento — continua sendo a linha de juros mais “razoável”, com média de 26,5% ao ano. Ainda assim, é mais que o dobro da Selic atual.


Até o empréstimo dado com margem garantida custa caro. Porque no Brasil, até quando o risco é zero, o lucro é máximo.


Reflexão editorial


Há algo de perverso na forma como o debate público é conduzido. Criam-se vilões convenientes — sites de aposta, fintechs de cashback, influencers com cupom —, enquanto os mecanismos reais de endividamento em massa seguem legitimados, lucrando em silêncio.


É mais fácil criminalizar o jogador do que confrontar o banco.


Mais fácil demonizar a bet do que questionar o rotativo.


Mais fácil chamar de vício uma tentativa de multiplicar R$ 50 do que explicar como é juridicamente aceitável cobrar 450% ao ano de quem atrasa a fatura.


Mas siga repetindo: “quem te rouba é o cassino”. Vai nessa.


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© 2025 por Frederico de Azevedo Aranha

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