O que sustenta o futebol global? Na Copa do Mundo de Clubes, a resposta está na manga da camisa
- Fred Azevedo

- 20 de jun.
- 4 min de leitura
Atualizado: 23 de jun.
Metade dos times da Copa do Mundo de Clubes 2025 tem vínculo com casas de apostas. E no Brasil, a dependência é total. A pergunta que ninguém quer responder: sem as bets, quem paga a conta?
Lionel Messi, Mbappé, Vini Jr., Inter de Milão, Flamengo, River Plate. A edição 2025 da Copa do Mundo de Clubes, disputada nos Estados Unidos, reúne os maiores nomes e marcas do futebol global.
Mas por trás do espetáculo de bola e marketing, um dado chama atenção: 17 dos 32 clubes participantes são patrocinados por casas de apostas, segundo levantamento do jornal Estadão, publicado originalmente pela Yogonet [1].
Se considerarmos apenas a América do Sul, a dependência é total. Todos os seis representantes da região têm casas de apostas como patrocinadores masters, com exibição da marca no espaço principal da camisa.
No Brasil, os quatro clubes presentes no torneio seguem a tendência: Flamengo (Flabet), Botafogo (VBET), Fluminense (Superbet) e Palmeiras (Sportingbet). Na Argentina, Boca Juniors (Betsson) e River Plate (Betano) completam a lista.

O futebol já é financiado por apostas — só falta o discurso aceitar isso
A presença das bets não se limita ao patrocínio de clubes. A Betano, por exemplo, é patrocinadora oficial da própria Copa do Mundo de Clubes na América do Sul, reforçando a simbiose entre o setor e os grandes eventos do calendário global.
Em Portugal, Betano e Betsson marcam presença nos uniformes de Benfica e Porto. A Codere aparece no Monterrey (México). A realidade é inegável: as apostas viraram a engrenagem comercial mais ativa do futebol profissional.
No Brasil, essa lógica chegou ao ponto máximo: todos os 20 clubes da Série A do Brasileirão têm vínculo com casas de apostas. O futebol nacional é, hoje, um ecossistema sustentado majoritariamente por empresas do setor.
E ainda assim, o discurso público — de parte da política, da imprensa e até de setores do governo — insiste em tratar as apostas como um mal necessário, um risco ou um problema moral.
A retórica é hesitante, dúbia e, por vezes, hipócrita. Como afirmou José Francisco Manssur, ex-assessor da Fazenda e uma das vozes mais lúcidas do processo regulatório:
“As bets são a nova realidade do futebol brasileiro — e é preciso aceitar isso.”
A FIFA limitou. Mas o dinheiro é o mesmo
Mesmo com a limitação imposta pela FIFA — que permite apenas dois patrocinadores exibidos na camisa durante o torneio — os clubes priorizaram, em muitos casos, as empresas de apostas.
Isso não é um acidente. É resultado direto da capacidade financeira e da velocidade operacional que o setor trouxe ao patrocínio esportivo, em contraste com as marcas tradicionais que dependem de ciclos orçamentários, aprovações múltiplas e departamentos engessados.
A nova lógica é simples: as bets não apenas oferecem valores mais altos, como assumem prazos mais curtos e entregam mais contrapartidas.
Os clubes, que operam com déficits crônicos e dependem de antecipações para fechar folha, não pensam duas vezes.
O resultado é uma presença que vai muito além da camisa: naming rights de centros de treinamento, publicidade em placas de LED, patrocínio a categorias de base e inserções exclusivas em redes sociais.
O futebol está respirando dinheiro das apostas.
E se acabarem com os patrocínios?
A pergunta que muitos ignoram é: e se o setor de apostas recuar? Se os impostos forem elevados ao ponto de inviabilizar as operações?
Se as restrições publicitárias forem ampliadas, como propõem alguns projetos em tramitação no Senado? Se as plataformas forem responsabilizadas por falas de influenciadores ou resultados de jogadores?
O futebol brasileiro está preparado para perder essa fonte de receita?
A resposta é não. E quem conhece os bastidores sabe disso.
Com exceção de grandes empresas estatais ou multinacionais com investimento social previsto em lei, não há hoje no Brasil um setor privado disposto a investir no futebol como as bets vêm fazendo. Não por caridade, mas por alinhamento de público, volume de exposição e capacidade de ativação.
O risco da criminalização seletiva
Ao mesmo tempo em que a aposta online é fonte de financiamento para os clubes, ela é tratada como ameaça moral nos discursos públicos.
É o que ocorre com projetos como o PL 2.234/22, que legaliza cassinos físicos e o jogo do bicho, mas pode retirar o jogo online da Lei nº 14.790/2023 — criando um novo tipo de licença, com novas taxas e nova regulação.
A lógica é simples: regulamentar o físico, sufocar o digital.
Mas o impacto sobre o futebol seria direto: menos publicidade, menos recursos, menos autonomia para os clubes.
O que precisa mudar: do cinismo ao compromisso institucional
O Brasil precisa atualizar sua relação com o tema. A retórica baseada no risco precisa dar lugar a uma narrativa baseada na realidade.
As apostas já estão integradas ao futebol. Já pagam imposto. Já sustentam projetos sociais. Já financiaram contratações, reformas de estádio, folha salarial e categorias de base.
É hora de criar uma estrutura de regulação que reconheça isso sem cinismo — e que, ao invés de restringir, organize com responsabilidade, rastreabilidade e transparência.
Conclusão: o que está na camisa também está no sistema
A Copa do Mundo de Clubes 2025 não apenas revela os craques do mundo. Ela também escancara a nova engrenagem comercial do futebol global: as apostas deixaram de ser exceção. Viraram regra.
Não é mais tempo de discutir se as bets “devem” estar no esporte. Elas já estão.
A pergunta real é: como vamos estruturar uma regulação que proteja o jogador, preserve o esporte e respeite quem opera dentro da legalidade.
Ignorar isso é comprometer o futuro do futebol profissional — não só no Brasil, mas no mundo.
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