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Problema das bets se arrasta: Senado empurra votação sobre propaganda

  • Foto do escritor: Fred Azevedo
    Fred Azevedo
  • 23 de mai.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 26 de set.


Os dois projetos de lei que propõem restrições à publicidade de apostas online tiveram sua votação adiada pela Comissão de Esporte do Senado nesta quarta-feira (22).


Um pedido de vista do senador Jorge Kajuru (PSB-GO) suspendeu o avanço do PL 2.985/2023, de Styvenson Valentim (PSDB-RN), e seu substitutivo redigido pelo relator Carlos Portinho (PL-RJ). A expectativa é que os textos retornem à pauta na próxima semana.


A discussão é legítima. O texto tem pontos razoáveis. O adiamento, previsível.


Mas o que está em jogo é maior do que “ajustes” na redação.


O que se vê, mais uma vez, é o Senado tentando legislar em cima de um problema que não quer assumir: o Brasil legalizou as bets, mas ainda trata o tema como tabu.


O Senado empurra o problema das bets para a próxima semana
Senado empurra o problema das bets para a próxima semana

O que dizem os projetos


O PL 2.985/2023 previa, originalmente, a proibição total da publicidade de apostas online. O texto foi suavizado por Carlos Portinho, que propôs:


  • Autorização de propagandas entre 21h e 6h em rádio e TV

  • Permissão limitada a períodos próximos de eventos esportivos transmitidos ao vivo

  • Restrições severas na internet: apenas para usuários autenticados e maiores de 18 anos


Além disso, a proposta proíbe o uso de atletas, influenciadores e celebridades em campanhas de bets — exceto ex-jogadores aposentados há mais de cinco anos.


A ideia, segundo o relator, é impedir que jogadores em atividade e figuras midiáticas promovam apostas a públicos vulneráveis.


O texto também exige um novo tipo de advertência nas comunicações: em vez do tradicional “jogue com responsabilidade”, o PL determina a inclusão do aviso:


Apostas causam dependência e prejuízo a você e à sua família.

Já o PL 3.405/2023, de Eduardo Girão (Novo-CE), reforça esse ponto ao proibir a participação de celebridades e árbitros em publicidade de apostas em eventos esportivos.


A contradição institucional no "problema das bets"


As apostas são legais no Brasil.


O país aprovou a Lei nº 14.790/2023, criou uma Secretaria de Prêmios e Apostas e passou a arrecadar sobre essa atividade.


Mas quando o tema chega à comunicação, ao marketing, à influência — o debate vira moral.


O Brasil legalizou o setor, mas ainda trata quem anuncia como criminoso e quem consome como vítima.

Querem a arrecadação, mas não querem ver a marca no intervalo do futebol.


Querem os bilhões em patrocínio, mas não querem a palavra “cashback” no feed.


O discurso político gira entre dois polos: o medo do vício e a fome do dinheiro.


E nenhum senador quer parecer omisso diante de um problema que todo mundo vê — mas poucos assumem.


Portinho acerta. E erra.


O relator Carlos Portinho reconhece o dilema do que consideram ser o problema das bets:


“As apostas, contra o meu voto e de outros colegas, são uma atividade legal hoje regularizada no país. Então a gente simplesmente obstruir ou restringir qualquer publicidade acho que ainda não é o momento, mas disciplinar.”

Ele acerta ao afirmar que o momento pede disciplina, e não censura.


Mas erra ao minimizar o impacto de celebridades que fazem lives sem aviso de risco, ou que vendem bônus como se fossem loteria premiada.


Erra ao desconsiderar o alcance da desinformação no TikTok e no Reels.


A publicidade de apostas precisa de regras — mas também de coragem política para aplicá-las.



Kajuru: imprensa, clubes e conflito de interesses


O senador Jorge Kajuru pediu vista para “alinhar o texto”.


Disse que quer proteger a imprensa e os clubes de futebol, dependentes hoje do dinheiro das casas de apostas.


“Todos sabem que eu, Kajuru, defendo a minha classe, que é a imprensa, [...] e também por ter preocupação com a situação financeira de muitos times do Brasil.”

Ele tem razão: a TV aberta está em crise.


Os clubes vivem de patrocínio. Mas nenhuma dessas verdades anula o dever de proteger quem está do outro lado da tela.


Proibir a publicidade? Não.Ignorar o abuso? Também não.


A tese do portal


Não é sobre proibir. É sobre responsabilizar.


O que está sendo votado não deve ser entendido como uma “guerra contra o setor”.


Deve ser tratado como o que é: um ajuste necessário em um mercado recém-legalizado, que ainda atua como se operasse no submundo.


Não dá mais para fingir que uma mensagem de “jogue com responsabilidade” no rodapé basta. É preciso informar, advertir, limitar o alcance e coibir o abuso — sem inviabilizar o setor.


Celebridade não é problema. É ferramenta.


Proibir celebridade em propaganda é um erro de diagnóstico. O problema não é o rosto famoso — é o contrato opaco.


Quer resolver?

  • Exija declaração pública de vínculo comercial

  • Proíba saldo fictício sem aviso claro

  • Fiscalize canal por canal, campanha por campanha


Quer proibir atleta? Tudo bem. Mas também proíba fake bônus, publicidade sem 18+ e vídeo editado só com vitória.


Se a preocupação é com o impacto na juventude, comece proibindo o algoritmo de exibir slots para crianças no YouTube.



Considerações finais: o adiamento como reflexo da hesitação política


O adiamento da votação, pedido por Kajuru, é compreensível. Mas também é sintomático: o Senado sabe que precisa agir — mas não quer desagradar ninguém.


Nem o mercado.

Nem a audiência.

Nem os clubes.

Nem as big techs.


E nesse meio-termo covarde, jogador continua desprotegido, criança continua exposta, e criadores continuam sem saber o que podem ou não divulgar.


O Brasil não precisa de censura. Precisa de regulação honesta — e de senadores que saibam o que estão votando.

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