Virgínia e Zé Felipe: separação estratégica para proteger bens da CPI das Bets? Entenda a polêmica
- Fred Azevedo

- 29 de mai.
- 4 min de leitura
Atualizado: 26 de set.
No vídeo publicado em seu perfil no Instagram (@dicasprofgi), a jurista e professora universitária Prof. Gi, mestre em Direito e oficiala de Justiça no TJPR, faz uma pergunta provocativa:
“Você seria capaz de divorciar pra não ter os seus bens bloqueados por conta da CPI das bets?”
A dúvida é lançada em tom de análise, mas levanta questões reais sobre estratégias jurídicas adotadas por pessoas com patrimônio envolvido em investigações no contexto das apostas online.
Sem citar nomes, a fala da professora ganhou relevância em meio à recente separação do casal Virginia Fonseca e Zé Felipe, ambos investigados e citados na CPI das Apostas por envolvimento com campanhas publicitárias de casas de apostas.

A pergunta que ecoa: e se o amor acabar por estratégia?
No vídeo, a professora questiona:
“Fazendo de conta que estamos bem amigos, porém não mais casados, para que o nosso patrimônio não seja bloqueado na sua totalidade?”
“Colocamos também em jogo a vida dos nossos bebês, vendo os pais separados em virtude do dinheiro?”
“Isso tudo é também uma estratégia jurídica?”
Segundo ela, há sim pessoas que se divorciam com o objetivo de resguardar parte do patrimônio.
Ainda que permaneçam convivendo, mantêm juridicamente a separação como escudo contra bloqueios ou penhoras, especialmente quando o risco de responsabilização por terceiros é elevado.
Contexto: o anúncio de separação de Virginia e Zé Felipe
No dia 27 de maio de 2025, Virginia Fonseca e Zé Felipe anunciaram, por meio de um post conjunto, o fim de seu casamento.
O texto dizia que o casal seguiria unido como pais e amigos. Virginia, no dia seguinte, reforçou que a separação “não é marketing” e que não há produtos, músicas ou lançamentos vinculados ao momento.
Afirmou ainda que ambos choraram juntos e decidiram encerrar a relação “da melhor forma possível”.
No entanto, a coincidência temporal entre o fim do casamento e a crescente pressão da CPI das Bets sobre influenciadores envolvidos com publicidade de apostas chamou a atenção do público.
Vale lembrar que Virginia foi recebida na CPI com selfie de senador, em um episódio amplamente criticado pela imprensa e pela sociedade civil, como relatado em artigo anterior do portal: A selfie que desmoraliza a CPI das Apostas.
A análise da Prof. Gi: é legal? É ético?
A professora não afirma que o divórcio em si seja ilegal. Pelo contrário: reconhece que a prática existe e, sob determinadas circunstâncias, pode inclusive ser juridicamente válida.
O ponto levantado é outro: a fragilidade do sistema de responsabilização patrimonial no Brasil, que permite que estratégias familiares sejam usadas como escudo contra sanções legais.
Em suas palavras:
“Existem muitas pessoas que utilizam estratégias jurídicas, divorciando inclusive, para que o seu patrimônio não seja atingido na integralidade, para que a família não fique ‘desestruturada’ diante de tanta riqueza.”
A crítica é sutil, mas poderosa: até que ponto o Direito protege o inocente — e até que ponto permite que o culpado se esconda sob estruturas formais que não refletem a realidade?
E o sistema jurídico permite isso?
Sim, até certo ponto.
O Código Civil brasileiro prevê, no artigo 1.571, que o casamento pode ser dissolvido por decisão das partes. Já os efeitos patrimoniais da separação variam conforme o regime de bens.
No caso de comunhão parcial, por exemplo, bens adquiridos após a separação judicial não integram o patrimônio comum.
No entanto, se ficar comprovado que a separação foi simulada com o objetivo de fraudar credores, a Justiça pode desconsiderar os efeitos patrimoniais do divórcio, com base na teoria da fraude contra credores (art. 158 do Código Civil) ou no art. 50 (desconsideração da personalidade jurídica em casos de abuso de forma).
Ou seja: é possível que uma separação seja aceita formalmente, mas anulada na prática se usada como instrumento para blindar patrimônio em caso de responsabilização.
A CPI, o patrimônio e o jogo da blindagem
Na CPI das Apostas, influenciadores com contratos milionários e participação em plataformas estão sendo investigados por possível coautoria em crimes como lavagem de dinheiro, contravenção penal e publicidade enganosa.
Em caso de responsabilização, bloqueios de bens e medidas cautelares podem ser adotadas.
Diante disso, movimentações patrimoniais que aparentam antecipar riscos legais passam a ser observadas com mais atenção.
A fala da professora Gi, portanto, lança luz sobre um ponto pouco explorado: como se proteger sem ultrapassar a linha da legalidade?
E, mais importante: quem pode se proteger assim?
Considerações finais: quando a estratégia vira denúncia
O vídeo da Prof. Gi não é uma acusação. É um espelho.
Não cita nomes. Não julga pessoas. Mas mostra, com clareza, que há brechas jurídicas sendo usadas para impedir que o Estado alcance patrimônios milionários que, em tese, poderiam ser responsabilizados por práticas ilícitas.
Num país onde a justiça patrimonial é seletiva, questionar a intenção por trás de certas separações é legítimo.
E quando isso parte de uma jurista com quase duas décadas de experiência no sistema, a pergunta deixa de ser provocação e passa a ser alerta.
“Isso tudo é também uma estratégia jurídica?”
Talvez seja. Mas será justo?
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